O Grêmio terá, nesta quarta-feira (27), sua primeira experiência da Série B raiz. Após abrir a competição contra adversários mais tradicionais, o jogo de desta quarta-feira (27), às 19h, contra o Operário será o primeiro contato com as maiores adversidades extracampo na disputa da Segunda Divisão. Dificuldades de logística, estádio mais acanhado e um adversário mobilizado para fazer da partida contra o time de Roger Machado uma decisão de campeonato.
Fundado em 1º de maio de 1912, o "Fantasma", como é chamado pela torcida, antecipou para esta quarta as comemorações dos 110 anos para a partida contra o Grêmio, no Estádio Germano Krüger, para aproveitar a mobilização da comunidade.
Parte do sucesso recente do Operário se construiu sob o comando do técnico Gérson Gusmão. Ao assumir o clube em 2016, o treinador deu início ao trabalho que colocou o clube de Ponta Grossa na Série B em apenas três anos. Na época do início do trabalho, a folha salarial do clube era de apenas R$ 50 mil.
— Quando cheguei, o Operário estava recém rebaixado para a segunda divisão do Paranaense e não tinha competição de nenhum divisão nacional para o calendário. Teríamos que ganhar a Copa Paraná para conseguir vaga na Série D. Conseguimos o resultado no estadual e conseguimos a vaga. Em 2017 conquistamos o título da Série D. E no seguinte batemos o Cuiabá na final e o título da Série C. Chegamos na Série B em 2019 — comentou Gusmão, que deixou o Operário em 2020 e atualmente comanda o Botafogo-PB.
A consolidação na Série B permitiu que os investimentos no futebol se multiplicassem. Em sua primeira temporada na Segunda Divisão, o valor da folha passou para cerca de R$ 400 mil. Três anos depois, e com um orçamento para 2022 de R$ 22 milhões, a folha atualmente nesta temporada alcançou R$ 1,2 milhão mensal. O presidente do grupo que gere o clube, Álvaro Goes, revelou que serão feitos investimentos em estrutura ainda neste ano. O gramado de inverno foi plantado no início de abril no CT, que conta com quatro campos, e também aplicado no piso do Estádio Germano Krüger. Uma nova academia no local será inaugurada nos próximos dias.
O gramado é avaliado como um piso em excelente estado. Com capacidade prevista de cerca de 10 mil lugares, o estádio também é uma das armas da equipe. Pela proximidade das arquibancadas do campo, o ambiente de pressão é um dos trunfos do clube para tentar completar o projeto de chegar na Série A.
— É um estádio modesto, mas com um gramado muito bom. É uma torcida presente e atuante. Participam muito. Iluminação é boa. É um clube gerido por pessoas da cidade e que com esse apoio tem inúmeros patrocínios. É uma das camisas mais carregadas do Brasil por ter tantos apoiadores. É muito bonito essa força da região. Muitos que ajudaram em 2016 seguem até hoje. É um reconhecimento da comunidade — citou Gérson Gusmão.
Até pelo ambiente de festa pela colônia de gaúchos na região, o Operário quer utilizar a partida de hoje como um evento maior do que apenas uma partida da Série B, com mobilização pelos 110 anos do clube.
— É 11 contra 11 dentro de campo. A camisa do Grêmio é mais pesada, mas temos jogadores de muita qualidade. Não será um jogo de muitos gols. Quem errar menos, vencerá — comentou o Emílio Glinski, vice presidente do grupo gestor do Operário.
O Operário organizou com as suas torcidas organizadas um evento especial, chamado de "A Batalha dos 110 anos", e promoveu uma campanha para que os torcedores arrecadassem R$ 8 mil reais para a compra de adereços. A direção também preparou uma série de festividades para antes da partida. Uma banda marcial irá se apresentar para a execução dos hinos e um show pirotécnico está previsto. Ex-jogadores que foram destaques na trajetória do Operário também serão homenageados no campo.
Dentro das quatro linhas, Claudinei Oliveira estuda mudanças no time. O zagueiro Thales, cria da base do Inter, deve ser poupado, com Alemão entrando na defesa. Outra possibilidade é o atacante Felipe Garcia, ex-Pelotas e Brasil-Pel, dar lugar a Júnior Brandão. Uma mudança mais significativa também poderá ser promovida na parte tática, com a entrada de mais jogadores no meio. O meia Marcelo, recuperado de virose, ingressaria no lugar de um dos atacantes, alterando o sistema do 4-3-3 para o 4-4-2. Pedido pela torcida, o atacante Felipe Saraiva deve continuar sendo guardado para o segundo tempo, sendo visto pelo treinador como "jogador mais agudo do elenco".
O principal jogador do time é o atacante Paulo Sérgio. Revelado nas categorias de base do Flamengo e apontado como promessa na época que iniciava como profissional, o centroavante de 32 anos rodou por equipes de menor expressão no Brasil. Contratado em 2021, após passagem pela Ponte Preta, o jogador terminou como artilheiro da equipe na Série B de 2021 com nove gols. No Paranaense deste ano, marcou quatro gols e só ficou atrás do meia Marcelo na relação de artilheiros da equipe. Participou das três partidas do Operário na Série B deste ano, mas ainda não marcou gols.