Bruno Alves terminou o Gauchão com a confiança do torcedor de que pode ser a peça ideal para acabar com a carência da zaga. Contratado junto ao São Paulo no início de 2022 para suprir a ausência de Kannemann, ele começou a temporada com algumas oscilações, mas cresceu de rendimento ao longo do Estadual – com direito a gol na final contra o Ypiranga.
Uma história que poderia ter se iniciado há 13 anos. Como revelou em sua entrevista de apresentação, Bruno Alves fez testes para as categorias de base do Grêmio. Foi observado pelos olheiros do clube, mas acabou tendo sua permanência não recomendada. Natural de Jacareí, no interior paulista, Bruno rumou para Florianópolis e foi aprovado no Figueirense.
— Acho que ninguém sabe desta história. Em 2009, eu vim fazer teste aqui no sub-20 e não passei. Saí do antigo Olímpico chorando e liguei para minha mãe. Foi a primeira vez que saí da minha cidade para fazer teste. Ela falou assim: "Filho, não se preocupe. Um dia você vai voltar aí". Eu estava triste e pensei que minha mãe só estava falando para me consolar — revelou o jogador, em janeiro.
Bruno Alves estreou pelo time principal do Figueirense em 2014 e antes rodou por clubes de menor expressão. Em 2015, começou a temporada como titular e foi um dos destaques da equipe na Série A. Teve a parceria de Thiago Heleno na defesa do Furacão do Estreito. No ano seguinte, ao lado de Werley, novamente fez boa participação. Mas o clube catarinense começou a enfrentar problemas administrativos e terminou a temporada rebaixado.
— Sempre extremamente comprometido, trabalhador, bom de grupo. Jogava simples. Saída de bola nunca foi principal virtude — comentou o repórter José Henrique Koltermann, do VEG Esportes.
“Trabalhador”
Em 2017, seguiu como titular do Figueirense. Mas sem receber salários, fez um acordo com o clube e acertou com o São Paulo no final de agosto após participar de 15 rodadas da Série B. Chegou ao Morumbi na mesma época que Arboleda, com quem formou uma dupla de defesa elogiada pela força no combate aos atacantes.
— A passagem do Bruno pelo São Paulo foi boa, só não foi melhor pela falta de títulos. Não chegou com muito alarde, mas sempre foi um zagueiro regular, sem oscilar, firme, errando pouco. Muito trabalhador e bom de grupo. Formou uma das defesas menos vazadas do campeonato com o Arboleda. Sofreu na passagem do Fernando Diniz, que exigia que o zagueiro jogasse (participasse mais da saída de bola). E ele não tem a técnica como virtude. Como o Rogério Ceni também pensa assim, o São Paulo optou por não insistir na permanência. A torcida gostava dele também — comentou o jornalista Arnaldo Ribeiro.
A chegada ao Grêmio ocorreu com o aval de Vagner Mancini, que trabalhou com o jogador no São Paulo. Enquanto Kannemann tinha a previsão de iniciar os primeiros meses do ano no departamento médico, Bruno seria o parceiro de Geromel. Com a avaliação de que o ano necessitaria de jogador com mais força para os combates, o jogador foi um dos primeiros reforços para a temporada da Série B.
A chegada de Roger Machado para assumir a equipe no lugar de Mancini não reduziu o prestígio de Bruno Alves. Entre Gauchão e Copa do Brasil, o zagueiro foi titular em 10 partidas. O sistema defensivo levou 11 gols no período. Mas com a melhora coletiva nos matas do Estadual, Bruno Alves fez parte da equipe que acabou vazada apenas duas vezes em quatro partidas entre semifinal e final.
— Bruno Alves é um zagueiro muito bom no encurtamento de campo, bem no um contra um e que dá segurança na bola aérea — disseram fontes da comissão técnica consultadas por GZH.
Em alta e uma das atuais liderança do grupo, Bruno Alves começará a Série B como esperança da comissão técnica para evitar qualquer tipo de surpresa nas rodadas iniciais. Com a necessidade de ter um time mais ofensivo contra equipes recuadas, o Grêmio conta com Geromel e Bruno Alves como pontos de segurança defensiva.