A semana para o clássico Gre-Nal teve toda a estrutura de um período de treinos normal. Muito trabalho, mas sem o peso extra na parte emocional que aconteceu em outros momentos recentes.
A palavra de ordem aos jogadores nos últimos dias foi "trabalho". Foco total na construção do modelo de jogo desejado pelo Grêmio, com os cuidados necessários para o jogo deste sábado, mas com ênfase na implementação das ideias de Roger.
Do aquecimento ao final das atividades de campo, quase duas horas diárias de treinos entre terça-feira e sexta-feira exercitaram e ensaiaram a forma como o time irá atacar, se defender e reagir aos diferentes cenários que acontecem durante os 90 minutos.
Após a folga da última segunda-feira, a comissão técnica teve quatro dias de treinos. Depois da estreia, com goleada sobre o São Luiz, a semana de preparação foi 100% de dedicação para ajustar o time para a sequência da temporada. E com apenas 72 horas separando o Gre-Nal da estreia do Grêmio contra o Mirassol na Copa do Brasil, o planejamento para a sequência da temporada também entrou em consideração.
Apontado como peça fundamental para o estilo de jogo desejado — por sua capacidade de ser o pivô e construir chances de gol —, Diego Souza ficou de fora da relação para o Gre-Nal. Assim como Ferreira e Benítez, que ganharam mais alguns dias para voltarem em melhores condições após lesões musculares.
Com tempo para treinar com a maior parte do grupo de jogadores, a intenção da comissão técnica foi implementar os conceitos que serão utilizados para a busca do retorno à Série A.
— A gente vê que os treinos do Roger são diferentes, que são muitos intensos. Os jogadores mostram uma dedicação para cumprir o que é proposto. Isso gera envolvimento. É impressionante o trabalho que ele dá — comentou o presidente Romildo Bolzan.
Para o presidente do Grêmio, era exatamente essa a reação esperada dos jogadores com a mudança feita após iniciar o ano com Vagner Mancini.
— Esperava exatamente isso. Uma rápida organização do time, situações de treinos intensos e uma expectativa de time ajustado. O que parece que vai acontecer.
Em relação ao convívio e ambiente criados pelas últimas comissões técnicas, o clima no centro de treinamentos é completamente diferente nos últimos dias. Com Felipão, a relação era de tensão constante. A chegada de Mancini amenizou este ponto, mas ainda mantinha uma distância quase protocolar entre comissão técnica, jogadores e funcionários.
O retorno de Roger distensionou o ambiente e devolveu a naturalidade das relações entre todos os funcionário do clube. A sala do técnico no vestiário está sempre de portas abertas para receber quem precisa, sem a formalidade exigida de outros que passaram pelo comando do clube. Uma mudança importante na rotina.
Na última quinta-feira, dia de treinamento completamente fechado no CT, a comissão técnica reuniu os jogadores para mostrar em vídeo pontos necessários de ajustes e comportamentos que deveriam ser repetidos. Essa parte do trabalho de Roger e seus auxiliares também é apontada como um dos trunfos do clube para o ano. E com o clima de otimismo pelo que se fez em 2015 e 2016, a pressão do rebaixamento junto ao torcedor não faz mais parte da rotina diária de trabalho.
Na parte técnica, o trabalho é muito mais integrado entre a comissão técnica. Os auxiliares, Roberto Ribas e Jussan Anjolin, analisam as atuações e apontam falhas e acertos do time. Um processo conduzido de forma colaborativa com o restante dos analistas que já estavam no clube, mesmo que a palavra final e responsabilidade dos resultados esteja nos ombros do técnico. E quando o trabalho de campo está concluído, o técnico também é presença constante na sala onde os analistas de desempenho e de mercado do clube trabalham.
Mesmo com toda as implicações para o ambiente de um Gre-Nal, a rotina de trabalho ou a forma com que o técnico interage com jogadores e outras pessoas não mudou. Em outras gestões, os dias que antecediam este tipo de jogo eram de reclusão total e cuidados para evitar vazamentos. O que aconteceu seguidamente. Nos últimos dias, os meninos do grupo de transição passaram a semana toda treinando junto com o time principal.
Sem a certeza de que um novo clássico pode acontecer nas próximas fases do Gauchão ou apenas em um eventual cruzamento a partir das oitavas de final da Copa do Brasil, o Grêmio entra em campo no Beira-Rio para manter sua vantagem na tabela do estadual.
— Este Gre-Nal vale para mantermos a liderança do Campeonato Gaúcho. Se não perdermos, seguiremos líderes. Mas vamos ao Beira-Rio para ganhar — projetou o presidente Romildo Bolzan.
Pela projeção do plantão de esportes da Rádio Gaúcha, Marcos Bertoncello, o Grêmio está com classificação garantida para a próxima fase do Gauchão. Com 17 pontos, o clube não terminaria abaixo do quarto lugar e está com uma das vagas à semifinal da competição.