Com a necessidade de obter uma sequência de vitórias na missão de evitar o rebaixamento para a Série B, o Grêmio precisa aumentar o seu poderio ofensivo na reta final do Campeonato Brasileiro. Passadas 31 rodadas — o Tricolor disputou 30 partidas —, o time gaúcho divide com a lanterna Chapecoense o posto de quarto pior ataque da competição, com apenas 26 gols marcados. Ou seja, a média gremista é interior a um gol por jogo (0,86).
O grande problema do ataque do Grêmio tem sido a eficiência. Na vitória sobre o Fluminense, por exemplo, o time finalizou 25 vezes para balançar as redes apenas uma vez. A partida contra os cariocas foi a que o Tricolor mais deu chutes a gol neste Brasileirão.
O desperdício de chances, no entanto, tem sido habitual ao longo da campanha. Ao mesmo tempo que tem o quarto pior ataque, o Grêmio aparece como o sexto time que mais chuta a gol no Campeonato Brasileiro. A média gremista é de 13,2 finalizações por jogo, de acordo com dados do Footstats. Apenas Flamengo, América-MG, Palmeiras, Fortaleza e Atlético-MG têm médias maiores que as do Tricolor.
O problema é que poucas dessas tentativas vão no alvo. O Grêmio é o quinto time com menor índice de chutes certos no Brasileirão. Os dados do Footstats mostram que 65,15% das finalizações gremistas vão para fora.
Autor do gol que deu o título da Copa do Brasil de 1994 ao Grêmio e ainda campeão da Libertadores e do Gauchão no ano seguinte, o ex-centroavante Nildo observa que esse é um problema típico de um time que está em fase ruim e os jogadores perdem a confiança.
— O atacante ou os meias-atacantes não podem perder a confiança de finalizar. Quando você perde a confiança, tem medo de arriscar. O Grêmio tem chutado muito, mas pouco no gol. Pelo calendário, se treina pouca repetição de fundamento atualmente, esse é um problema. Outro é a insegurança. Quando o clube está em situação difícil, parece que o gol fica maior. Os jogadores até ficam com receio na hora de finalizar, com medo de errar. Quanto mais você erra, mais aumenta isso. Eu já passei por isso quando jogador. Na fase boa, você quer a bola toda hora. Na ruim tem momentos que você torce para a bola não chegar com medo de errar. É preciso ter personalidade — pontua o ex-atleta.
Um problema que Mancini identificou no ataque gremista foi a pouca presença de jogadores na área na fase ofensiva. Isso contribuiu para Elias, que vinha jogando como centroavante no Brasileiro de Aspirantes, ganhar uma oportunidade contra o Fluminense. Mesmo iniciando pelo lado, ele foi presença constante na área carioca ao longo do primeiro tempo. Meia titular na terça-feira, Campaz também faz mais esse tipo de movimento que o antigo titular Jean Pyerre. Para Nildo, Mancini está indo por um bom caminho no momento em que há um intervalo curto para treinamentos entre os jogos.
— Entrar na área é sempre importante. Vamos lembrar do Paulo Nunes artilheiro de um Brasileirão sem ser centroavante porque entrava sempre na área, sabia a hora. O Carlos Miguel era meia no nosso time e também fazia gol. Esse jogador, o meia, precisa estar na área porque tem qualidade. Se sobrar uma bola, ele vai saber definir. Os extremas também precisam aparecer mais por dentro, mais perto do Diego Souza. Diego Souza é muito bom no jogo aéreo. Outra estratégia boa é liberar os laterais para os cruzamentos. Cruzar bastante e tentar fazer a bola chegar ao Diego Souza — observa.
Autor do gol contra o Fluminense, Diego Souza é o goleador do Grêmio no Brasileirão, com seis gols. Borja, que está com a seleção colombiana, aparece em segundo, com quatro. Além deles, apenas o lateral Vanderson (3) e os atacantes Alisson (3) e Douglas Costa (2) marcaram mais de um gol no Campeonato Brasileiro. Será preciso melhorar esses números para o Grêmio alcançar a pontuação necessária para evitar a queda.