Restam poucos jogos para o Grêmio no Brasileirão, e muito está em jogo para o clube gaúcho. São cinco partidas, começando nesta terça-feira (23) contra o Flamengo e seguindo com Bahia, São Paulo, Corinthians e Atlético-MG. Para conseguir tirar os quatro pontos de desvantagem para o Juventude, último clube fora do Z-4 no momento, é preciso errar o mínimo possível. Chegando ao seu 10° jogo à frente da equipe, o que o técnico Vagner Mancini ainda pode fazer de diferente?
Desde que colocou os pés na Arena, o técnico gremista seguiu a cartilha de treinadores que chegam a um clube desesperado pela salvação. Tentou mexer no lado anímico do elenco, deu chance a praticamente todo o grupo de jogadores e mudou o esquema tático. Após vitórias sobre Bragantino e Chapecoense, Mancini parece ter solidificado uma ideia de jogo.
O treinador tem montado a equipe no esquema 4-2-3-1, mas que, muitas vezes com a bola, joga quase com quatro atacantes. Jogador centralizado da linha de três, Campaz tem se aproximado mais de Diego Souza do que jogado como um meia.
— Embora ele tenha um trato da bola em que todo mundo o enxerga como aquele meia-esquerda que não se vê mais no futebol, acho que ele é um segundo homem (de ataque). Trabalha em qualquer uma das quatro posições mais ofensivas, mas teria dificuldade como atacante de costas. Vejo ele atuando com segurança pelos lados — analisou Mancini, após o 3 a 0 sobre o Bragantino.
Mas, em caso de necessidade, o que o treinador pode fazer? GZH lista três mudanças táticas que podem ser necessárias nas últimas rodadas do Brasileirão.
1) Laterais mais ofensivos
Se quiser deixar o time mais agudo, Vagner Mancini pode fazer mudanças nas laterais. Na direita, Rafinha voltaria a ceder espaço para Vanderson. No geral, os números relacionados às ações de ataque do jogador formado na base tricolor são melhores, de acordo com levantamento do Footstats.
Os dois disputaram praticamente o mesmo número de partidas no Brasileirão, já que Rafinha entrou em campo algumas vezes pelo lado esquerdo. São 25 jogos para o ex-lateral do Bayern de Munique, dois a menos do que o seu concorrente de posição.
Vanderson leva vantagem no número de finalizações (25 a 4), na quantidade de cruzamentos (96 a 80) e números de gols (3 a 0). Passes de Rafinha geraram mais chutes a gol (27 a 26). Porém, quando ele joga, o Grêmio corre menos riscos defensivos. Rafinha perdeu a bola somente 23 vezes, enquanto Vanderson ficou sem ela em 66 oportunidades.
Na outra lateral, a diferença entre Diogo Barbosa e Cortez é mais sutil. Os dois chutam pouco a gol e concedem poucos passes para finalizações ( 9 a 5 para Cortez, que disputou 18 partidas contra 13 do companheiro). A diferença mais significativa está no número de cruzamentos. Mesmo tendo jogado menos, Barbosa colocou mais bolas na área, foram 29, sendo sete com endereço certo. Cortez cruzou 23 vezes, sete encontraram um jogador de azul.
2) Dupla de volantes
A dupla de volantes foi uma das mudanças mais significativas promovidas por Mancini, menos nos nomes e mais nas funções. Nos últimos jogos, o treinador fixou Lucas Silva e Thiago Santos como os protetores da defesa, mas com algumas diferenças em relação ao que foi feito durante todo o ano.
Na prática, Lucas Silva passou a jogar mais recuado, armando o jogo de trás. Com menor qualidade no passe, Thiago Santos se posiciona, com a bola, um pouco mais à frente, chegando até a entrar na área adversária, como no gol marcado no 3 a 1 sobre a Chapecoense.
Sem relacionar Jean Pyerre e Darlan nas duas últimas partidas, Mancini tem um leque pequeno de opções para modificar o setor. Uma delas é colocar Villasanti no lugar de Thiago Santos, dando mais volume de jogo para a equipe.
Outra alternativa seria recuar Campaz, montando um esquema ultraofensivo. Essa função mais recuada chegou a ser desempenhada por Jean Pyerre, mas ele parece, no momento, fora dos planos.
3) Dois centroavantes
Para o jogo contra o Flamengo, Borja retomará o seu lugar no ataque. No futuro, em caso de necessidade, nada impede que o colombiano jogue junto com Diego Souza. Assim, o Grêmio teria dois centroavantes e, provavelmente, tentaria chegar ao gol com cruzamentos pelos lados. Esta é uma alternativa, sobretudo, para o final das partidas.