O substituto de Matheus Henrique falará espanhol. Contratado por cerca de R$ 18 milhões, o volante paraguaio Mathias Villasanti desembarcará em Porto Alegre, nesta terça-feira (10), para assinar um contrato de quatro anos com o Grêmio. Embora seja desconhecido de grande parte dos gremistas, o atleta de 24 anos se encaixa no perfil traçado pela comissão técnica e direção, que haviam tentado, anteriormente, as contratações de Paulinho e Hernani.
Capitão do Cerro Porteño treinado por Arce, o jogador tem sido convocado constantemente para a seleção paraguaia, estando presente na última Copa América disputada em junho.
— É um jogador de seleção paraguaia, com marcação, mas também com chegada na área. É preciso ver como será sua adaptação ao futebol brasileiro, mas é um "todoterreno". Tem bom domínio da bola e pode jogar tanto como volante central como interno pela direita — avalia o jornalista Edgar Cantero, da Rádio Asunción.
A expressão utilizada pelos paraguaios fala por si só. Com 1,78cm de altura, o jogador costuma se movimentar bastante pelo meio. Para os ingleses, seria chamado de "box-to-box". Na cultura brasileira, é um segundo volante de infiltração.
Formado nas categorias de base do clube paraguaio, Villasanti estreou como profissional em 2016, com apenas 19 anos. Para pegar experiência, foi emprestado nos dois anos posteriores. Primeiro ao Temperley, da Argentina. Depois, ao Sportivo Luqueño, do Paraguai.
— No Temperley, foi mais ou menos. Era muito jovem ainda. Debutou muito bem nos primeiros jogos, tinha muita entrega e dinâmica, mas logo se contagiou pelo mau momento da equipe, que acabou sendo rebaixada com várias rodadas de antecedência — assinala Pepe Trianico, narrador e apresentador do programa "El Show de Temperley", na Rádio AM 1520, de Buenos Aires.
Apesar disso, a diretoria do Cerro Porteño apostou em seu retorno, com direito à renovação de contrato.
Liderança
Tão logo voltou ao Nueva Olla, em 2019, Villasanti se transformou em uma dos líderes do vestiário. Durante a Libertadores daquele ano, inclusive, comandou um levante dos jogadores, que se negaram a concentrar antes de uma partida contra o Atlético-MG, pela fase de grupos, por conta dos salários atrasados.
A postura rendeu a confiança dos companheiros e o respeito do técnico Francisco Arce, que lhe deu a braçadeira de capitão na temporada seguinte.
— No plantel, temos vários capitães. Julio dos Santos, por sua trajetória, por seu "cerrismo". Popi (goleiro Rodrigo Muñoz) também, Diego Churín, Marcelo Palau e, entre os mais jovens, Mathías é um dos mais representativos. Tem pouca idade, mas já tem experiência. Representa também o espírito que buscamos dar sobre este novo tempo do "cerrismo", de representar aos meninos nascidos na base — declarou o ex-lateral Arce, em 2020.
Além disso, claro, o atleta se impõe dentro de campo pelo bom futebol. Na última Libertadores, encerrada após eliminação para o Fluminense nas oitavas de final, o volante foi o segundo melhor passador da equipe (300 passes certos), perdendo apenas para o meia Rafael Carrascal. Também foi o terceiro maior ladrão de bolas do time paraguaio (16 roubadas de bola), atrás do lateral-direito Alberto Espínola e do zagueiro Alexis Duarte.
Não à toa tem sido convocado desde 2019, dando sequência à sua passagem pelas seleções de base. Em agosto, foi titular na derrota de 2 a 0 para o Brasil, pelas Eliminatórias (ver mapa de calor abaixo).
— É um volante central com muita movimentação, muito sacrifício e bom passe. Tem também uma boa chegada na área que o faz ser catalogado como um volante misto. O técnico da seleção paraguaia, Eduardo Berizzo, disse há uns dias que ele tem nível europeu — comenta Wilson González, repórter da Rádio ABC Cardinal.
As boas atuações fizeram com que, nos últimos meses, Palmeiras e Los Angeles FC fizessem sondagens junto ao clube paraguaio. No entanto, ao que tudo indica, ele vestirá azul, preto e branco nos próximos anos.