O cronômetro marcava 27 minutos do primeiro tempo quando Maicon caiu no gramado da Arena Pantanal. Com nova lesão muscular, o volante do Grêmio precisou ser substituído cedo demais em sua primeira partida como titular desde maio, apenas a oitava nesta temporada. Muito pouco para quem se tornou uma das principais referências técnicas do time nos últimos anos.
Por isso, Maicon chorou ao deixar o campo. O camisa 8 sabe que poderia contribuir mais no momento complicado em que atravessa a equipe, ainda na luta para deixar a zona do rebaixamento. Sabe que passes como o que ele deu para Alisson sofrer o pênalti, minutos antes de ser vencido pelas dores musculares, fazem falta ao time. Talvez isso explique o fato de ter anunciado recentemente que não permanecerá no clube gaúcho em 2022.
A frustração pública de Maicon com seus problemas físicos não é novidade. Em 2018, no polêmico episódio com Rodrigo Dourado, disse que "tomava mais injeção do que água" para ser escalado. Em janeiro deste ano, se emocionou ao comentar a luta para estar à disposição da comissão técnica.
— Tem sido muito difícil para mim, porque quero jogar e não consigo. Mas vou continuar trabalhando, ainda tenho muita coisa para ajudar na equipe — declarou.
A emoção de Maicon, nas entrevistas e na saída de campo contra o Cuiabá, tem justificativa. Desde que teve detectada ruptura no tendão de Aquiles, em 2017, o capitão do pentacampeonato da Copa do Brasil não conseguiu mais ter a mesma sequência. Sua temporada recente com mais jogos foi em 2018, quando foi atuou 44 vezes. No mesmo período, o Grêmio disputou 74 partidas – 30 delas sem o volante, portanto.
As participações também foram ficando cada vez mais curtas ao longo dos anos. Das 44 aparições de 2018, ficou no gramado até o final em apenas 23, sendo substituído em outras 21. Em 2019, aguentou os 90 minutos em 16 das 41 ocasiões em que foi escalado. No ano seguinte, nova queda: suportou seis das 39 partidas. Em 2021, só foi até o fim em uma oportunidade.
As duas últimas temporadas, aliás, evidenciam outra situação. Além de não resistir até o final dos jogos, Maicon tem entrado mais no segundo tempo. Em 2020, saiu do banco de reservas nove vezes. Neste ano, já são sete. Isso aconteceu somente uma vez em 2018 e outra em 2019.
A passagem de sete temporadas do "Capita" pelo Grêmio está chegando ao fim, e isso ficou evidenciado mais uma vez nas lágrimas do jogador à beira do gramado da Arena Pantanal, nesta quarta-feira (18). Por isso, escreveu o seguinte quando anunciou que não seguirá no Tricolor em 2022:
"Só peço a Deus saúde para fazer o que mais amo nestes últimos meses de contrato e poder sair de cabeça erguida, sabendo que fiz o meu melhor. Acertei e errei, mas nunca deixei de lutar", escreveu.
Aos time gremista, restam mais 23 jogos no Brasileirão. Resta saber em quantos deles o camisa 8 conseguirá estar em campo. Como se viu no lance que terminou com o pênalti sofrido por Alisson, os passes do volante serão importantes na luta contra o rebaixamento.
Os números de Maicon desde a lesão no tendão de Aquiles
2018
- Jogos: 44
- Em que não foi substituído: 23
- Em que começou no banco: 1
2019
- Jogos: 41
- Em que não foi substituído: 16
- Em que começou no banco: 1
2020
- Jogos: 39
- Em que não foi substituído: 6
- Em que começou no banco: 9
2021
- Jogos: 15
- Em que não foi substituído: 1
- Em que começou no banco: 7