O torcedor do Grêmio iniciou a segunda-feira (5) convicto de que o retorno de Luiz Felipe Scolari seria a melhor solução para afastar a crise que se instaurou na Arena, com a lanterna do Brasileirão e a saída de Tiago Nunes. Mas as indefinições percorreram todo o dia e avançaram a noite.
Diversas reuniões foram realizadas e nomes debatidos, entre eles Felipão. O veterano treinador teve seu nome especulado ainda no domingo (4), à noite, mas encontra resistências em vários setores do clube, do vestiário à direção. Ídolo gremista e um dos maiores técnicos da história, Scolari deixou o Tricolor em maio de 2015, após não conquistar o título do Gauchão e começar o Brasileirão com tropeços, o que levou a direção a troca e o presidente Romildo Bolzan Junior afirmar: "O trabalho foi bom, mas o desgaste aconteceu".
Durante esta segunda-feira, o representante de Felipão disse que "para ele seria um prazer" um retorno ao clube do coração e que o projetou nacionalmente no mercado. Porém, apesar desse quase sim público nenhum contato foi feito em virtude das restrições que surgiram ao nome do treinador campeão da Copa do Mundo de 2002.
Na outra ponta do quebra-cabeças, surgiu o nome de Renato Portaluppi, que deixou o clube em 15 de abril, quando se recuperava da covid-19, após a eliminação da Libertadores. Assim como a saída foi alvo de forte discussão interna e com posicionamentos distintos, o mesmo acontece nesse momento em que o clube busca alguém para suprir a lacuna deixada por ele e que Tiago Nunes não foi capaz de suprir. Mesmo contestado pelo estilo, que por vezes para lhe dar mais "poder" do que deveria ter, o ex-camisa 7 tem forte apoio interno para o retorno. Nesta segunda, inclusive, recebeu ligações de pessoas do clube que se manifestavam a favor de sua volta e que até gostariam de ouvir dele se aceitaria ou não.
A costura para essa possível volta é complexa. Renato deixou o Grêmio pelos maus resultados e o baixo rendimento, que se acentuaram após as perdas do Gre-Nal do Brasileirão disputado em janeiro, do título da Copa do Brasil para o Palmeiras e da eliminação na Libertadores para o Independiente del Valle. Mas mesmo assim ainda é visto como alguém capaz de rapidamente remobilizar não só o vestiário, mas o clube. Os representantes dos dois treinadores, no entanto, garantem que não foram procurados.
Como Scolari, Portaluppi também enfrenta restrições internas. Porém, nesse caso, elas estão mais localizadas no ambiente diretivo, onde ele teve alguns atritos durante seus quase cinco anos de clube na última passagem. A entrevista do vice-presidente do Conselho de Administração, Claudio Oderich, um dia antes da queda do técnico, foi o estopim desses desacertos que passaram por alguns choques de ideia até mesmo com o CEO do clube, Carlos Amodeo, que neste ano "desceu" mais para o lado do vestiário, já na reta final da gestão de Renato, inclusive.
— As reuniões foram boas hoje (segunda). Amanhã deve ter uma posição (definição) do clube — disse uma fonte consultada por GZH.
O certo é que mais uma vez a habilidade política de Romildo Bolzan Junior será colocada à prova, especialmente se um desses dois nomes for o escolhido. Caberá ao dirigente maior do clube estabelecer uma forma em que desavenças anteriores não prejudiquem o clube dentro de campo e evitem um terceiro rebaixamento na história gremista.
Além da dupla histórica de treinadores gremistas, um terceiro nome chegou a ser apresentado como alternativa, o de Dorival Junior. Para o jogo de quarta-feira (7), quando o Grêmio enfrentará o Palmeiras, Thiago Gomes voltará a dirigir o time interinamente.