Mesmo que a primeira vitória no Brasileirão não tenha vindo diante do Santos, a avaliação interna do Grêmio foi de que o time fez na quinta-feira (24) a sua melhor atuação na competição. Em razão disso, o técnico Tiago Nunes deverá dar sequência para a ideia de time apresentada contra o Peixe para encarar o Fortaleza neste domingo (27). Adversário gremista, o clube nordestino vive bom momento. A derrota para o Flamengo na última rodada foi a primeira da equipe sob o comando do argentino Juan Pablo Vojvoda após 13 partidas.
O analista tático do UOL Rodrigo Coutinho prevê o Fortaleza com uma postura parecida com a apresentada pelo Santos. Ele alerta, no entanto, que o Grêmio não poderá repetir erros apresentados na quinta-feira, principalmente na hora de definir as jogadas no ataque.
— O principal ponto que o Grêmio precisa fazer é ser mais letal. Contra o Santos, o Grêmio teve muitas oportunidades e finalizou mal. O Ferreira teve uma situação cara a cara com o goleiro e outra onde também podia ter definido melhor e foi precipitado. Se tivesse convertido metade das chances no seu melhor momento, teria vencido. O Santos só cresceu após as mudanças do Diniz na metade do segundo tempo, mas o Grêmio poderia ter matado o jogo antes disso — ressalta.
Discípulo do compatriota Marcelo Bielsa, o técnico Juan Pablo Vojvoda é adepto de um futebol ofensivo e não deverá abrir mão de tentar atacar o Grêmio na Arena.
— O Fortaleza mudou completamente desde a chegada do Vojvoda. O clube vinha de uma péssima temporada de 2020, onde brigou contra o rebaixamento. O Enderson Moreira ficou para esta temporada e até vinha tendo resultados, mas jogava mal. Era um time completamente diferente daquele do Rogério Ceni, que praticava um futebol propositivo e ofensivo. O Enderson tinha resultados, mas jogava de forma reativa e apresentava um jogo muito pobre. O Vojvoda foi contratado para resgatar o futebol que o Ceni fazia e conseguiu. Ele conseguiu dar um padrão de jogo de forma rápida para o time — analisa Lucas Mota, do jornal O Povo, do Ceará.
Rodrigo Coutinho avalia que uma manutenção maior da posse de bola e uma marcação efetiva no campo de ataque podem ser decisivas para o Grêmio superar o Fortaleza e quebrar o jejum no Brasileirão
— O Fortaleza tem características próximas às do Santos. Gosta de ter a bola, faz saída de três, tem aproximação para jogar e evita passes longos. Tem coisas que o Tiago vai poder repetir, mas senti falta na quinta-feira de um Grêmio trabalhando mais a bola. O Grêmio tem qualidade para isso, poderia ter mantido um pouco mais do controle com a posse. Talvez a entrada do Jean Pyerre no segundo tempo, mesmo perdendo capacidade de marcação, tivesse ajudado nisso. Uma coisa que o Flamengo fez bem contra o Fortaleza no primeiro tempo foi adiantar a marcação. O Tiago pode basear sua estratégia nos encaixes na saída para tentar forçar o erro e recuperar a bola já no campo de ataque — projeta.
Com apenas um ponto conquistado, o Grêmio não depende de suas próprias forças para deixar a zona de rebaixamento. Será preciso vencer o Fortaleza e torcer para que pelo menos dois entre São Paulo, Chapecoense e América-MG tropecem na rodada.