A decisão da Conmebol de transferir o jogo de ida da terceira fase da Libertadores de Quito para Assunção ainda está entalada na garganta do treinador do Indpenediente del Valle — nem mesmo a vitória por 2 a 1 amenizou a indignação. Às vésperas do confronto decisivo, que selará o quarto classificado ao Grupo A nesta quarta-feira (14), o português Renato Paiva lamentou o fato de não ter enfrentado o Grêmio em seu próprio estádio.
— Nos tiraram nossa casa, a altitude, e creio que em Quito o resultado seria muito diferente. Provamos também que a altitude não influencia nossa forma de jogar, mas foi uma injustiça muito grande — disse ele, em entrevista à Rádio Cobertura Plus, do Equador, nesta segunda.
A mudança de local foi determinada pela entidade sul-americana depois que o governo equatoriano impediu que o Grêmio deixasse o hotel, em Quito, quando dois atletas (Vanderson e Paulo Victor) testaram positivo para covid-19.
— Os jogadores do Grêmio, aos 60 minutos, estavam esgotados. No Paraguai. Agora, imagina se estivessem jogando na altitude. De duas, uma: que nos colocassem na Bolívia, em La Paz, para jogar na altitude. Isso seria manter o equilíbrio das coisas. Fazendo esta opção (jogar em Assunção), se está beneficiando o Grêmio. Esta é a minha opinião. Depois, o mínimo que se poderia fazer, respeitando a saúde, era fazer o segundo jogo aqui (Paraguai) e não ir a Porto Alegre, onde as coisas estão como estão. Isso, eu não consigo entender. Vamos nos arriscar todos. Não estou dizendo que estão, mas, se você olha assim, a sangue frio e com lucidez, parece que estão fazendo tudo para que o Grêmio tenha vantagem para passar (de fase) — disparou Paiva.
Outra situação que desagradou o treinador foi o fato de que, por exigência do governo equatoriano, a delegação não pôde retornar a Quito após a partida da semana passada. Isso porque, como tiveram contato com brasileiros, os jogadores do Del Valle teriam de encarar uma quarentena de 10 dias, seguindo o protocolo de saúde nacional. Desta forma, a decisão foi permanecer na capital paraguaia, treinando no campo anexo à sede da Conmebol, em Luque. A viagem para Porto Alegre está agendada para a tarde desta terça-feira.
— Decidimos treinar aqui nesta terça pela manhã. Poderíamos treinar no Brasil, mas não quisemos. Quanto menos tempo estivermos lá (em Porto Alegre), mais defendemos a nós e ao povo do Equador. Vamos viajar às 16h e chegar para jantar, ir para os quartos e esperar que a partida chegue, sem sair e treinar, para defender nossa saúde — comentou.
Como venceu o confronto de ida por 2 a 1, o Del Valle pode até mesmo perder na Arena, desde que seja por diferença de um gol e balance as redes duas ou mais vezes. O clube equatoriano também tem a vantagem do empate. Porém, o próprio treinador admite que não espera encontrar facilidades.
— Nos espera uma partida terrível, de uma intensidade e pressão de uma grande equipe. Não podemos esquecer que o Grêmio é o terceiro time do ranking da Libertadores, atrás de River e Boca. É o clube brasileiro com maior ranking, que fez um investimento forte, recuperou jogadores, e vai ser um jogo terrível. Mas são destas partidas que a gente gosta. Vamos provar, diante desta injustiça, que vamos jogar seja onde for, contra quem for — finalizou Renato Paiva.