O grupo de WhatsApp do Conselho de Administração do Grêmio estava agitado na noite da última quarta-feira (14). Em suas casas, enquanto testemunhavam a eliminação na pré-Libertadores para um clube da segunda linha do futebol sul-americano, os integrantes do quadro diretivo acertavam os detalhes para uma reunião que iria selar o destino de Renato Portaluppi na instituição.
A convocação para o encontro intempestivo partiu do presidente Romildo Bolzan. A pauta era tão simples como dramática: o futuro do maior ídolo em 117 anos de história do Tricolor. Participaram da reunião, além do presidente: Adalberto Preis, Cláudio Oderich, Marcos Herrmann, César Augusto Peixoto, Duda Kroeff e Paulo Luz.
Conselheiro há décadas, Oderich, vice-eleito, era um dos mais convictos da necessidade de mudança. Ainda na madrugada desta quinta-feira (15), momentos após a derrota para o Del Valle dentro da Arena, o dirigente falou nos microfones da Rádio Gaúcha:
— É preciso ouvir a torcida, e a torcida, hoje, está falando pelas redes sociais. Imagine o que teria acontecido com 50 mil pessoas na Arena? — indagou Oderich.
Era a senha para a mudança. Mas havia esperança entre outros componentes de que uma noite de sono, ainda pesada devido aos impactos do fracasso de dimensões continentais, fosse suficiente para arrefecer os ânimos. Não foi. Aos poucos, a ideia de mudança foi ganhando força. Por volta das 9h, Romildo formalizou o convite para uma reunião semipresencial.
Na convocação, um alerta: evitar vazamento aos jornalistas para decidir com tranquilidade. O encontro se iniciou um pouco depois das 11h. Com direito a café, água e quitutes, o Conselho de Administração sacramentou a saída do ídolo que virou a estátua na Arena.
— O ambiente foi tranquilo e respeitoso. Não deu altercação — disse um dirigente a GZH.
Ao final, um pacto entre os envolvidos. Bolzan, presidente do clube e principal interlocutor de Renato, seria o porta-voz da modificação. Por isso, as manifestações são exclusivas do mandatário, e quem conversou com a reportagem preferiu não ter o seu nome publicado.
A conversa foi facilitada porque Romildo, um hábil negociador, havia se antecipado. Ele acertara, horas antes, a saída de Renato com o próprio treinador. Não houve, portanto, debate acentuado sobre a permanência ou não de Renato no clube. Todos entenderam o rompimento do cordão umbilical. As opiniões limitaram-se aos termos da rescisão amigável.
Também foi pauta a necessidade de reformulação no departamento de futebol, que está sem componentes e com cargos acumulados pelo próprio mandatário, como vice de futebol, e pelo CEO, Carlos Amodeo, como executivo. A ideia é trazer junto com o novo treinador, no mínimo, mais uma peça na formulação política do vestiário.
— Em tese, o vice antes do treinador — disse uma fonte a GZH.
— É uma escolha do presidente, que divide com o Conselho de Administração, mas no estatuto a escolha é dele — complementou.
Logo, os próximos dias podem ser de definições na Arena. Não só no novo comandante, mas também da composição do novo chefe do vestiário. No comunicado, sem questionamentos, apenas em vídeo, Bolzan ressaltou que até domingo (18) nenhuma novidade deverá ser oficializada. Com isso, seguirá tudo como interinamente está, com Thiago Gomes como técnico e a dobradinha provisória no departamento de futebol.