A saída de Renato do Grêmio depois de 55 meses no cargo significa muito mais do que uma troca de técnico. Representa também uma mudança na forma de gerenciar o futebol do clube. Um novo modelo de gestão precisará ser adotado, e uma nova estrutura, criada, a partir da chegada do novo técnico. Renato ocupava um espaço que transcendia as funções de um treinador. Havia virado uma espécie de manager, com participação em todas as áreas interligadas ao vestiário e uma conexão direta com o presidente Romildo Bolzan Júnior para definir assuntos mais centrais relacionados ao futebol, como contratações.
Quando concedeu a entrevista coletiva no dia seguinte à perda do título da Copa do Brasil, o presidente Romildo Bolzan Júnior prometeu criar um ecossistema no departamento de futebol que deixaria o técnico concentrado apenas nas questões de campo. Ou seja, reduziria o poder de interferência de Renato e montaria uma nova estrutura no departamento de futebol. Até o final da temporada 2020, o Grêmio contava com um vice político e dois coordenadores, Marcelo Oliveira, técnico, e Marcelo Rudolph, responsável pela logística e assuntos mais administrativos. Desde setembro, quando Klaus Câmara foi demitido, a figura do executivo estava ausente.
A temporada 2021 começou com Romildo ainda mais conectado ao vestiário e a presença do CEO Carlos Amodeo voltada quase que exclusivamente para as questões do futebol. Um organograma temporário para que o clube atravessasse as primeiras semanas da temporada e construísse a nova estrutura. Porém, na prática, Renato seguiu com a mesma abrangência dos anos anteriores. As contratação de Rafinha, por exemplo, teve sua participação direta. Inclusive para convencer Romildo a rever a decisão de não investir em um lateral de 35 anos.
Por todo esse cenário, a saída de Renato mexerá não apenas no vestiário. Será preciso revisar e mexer também na forma de pensar e executar o futebol. Talvez esse seja o grande legado do tombo na Libertadores.