Um dos grandes nomes do Grêmio na conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil, o atacante Pedro Rocha busca reencontrar o bom futebol apresentado com a camisa tricolor. No momento, ele está de volta ao Spartak Moscou-RUS, clube que o contratou em agosto de 2017, mas onde não conseguiu se firmar.
Depois de passar por Cruzeiro e Flamengo, nas duas últimas temporadas, o jogador de 26 anos neste momento treina com a equipe B do clube moscovita, que tem estrangeiros acima do limite permitido. Desta forma, mesmo que tenha contrato até junho de 2023, ele deverá ser emprestado novamente, e o mercado brasileiro surge como provável destino.
Em entrevista exclusiva a GZH, Pedro Rocha falou sobre Copa do Brasil e Grêmio.
O que você recorda da Copa do Brasil de 2016?
Foram momentos muito bons. O Renato chegou no jogo contra o Athletico-PR. Nós vínhamos de um trabalho do Roger (Machado), e ele deu o toque de qualidade dele e nós conseguimos fazer tudo da melhor forma e nos sagrarmos campeões.
Falando em Renato Portalupppi, como ele é nesse dia a dia de vestiário? Como ele se relaciona com os jogadores, especialmente os atacantes?
Ele é um cara sensacional, um ótimo treinador. Ele passou o que o time precisava e felizmente nós assimilamos bem, conseguimos fazer bons jogos, dar continuidade e ser campeões. Ele é dessa forma., brincalhão, mas consegue passar muitas coisas. Foi um atacante nato, fazia gols, passava características. Sempre dizia que na cara do gol a decisão é nossa (atacante), que o desespero é do goleiro e do zagueiro. E com esse jeito ele consegue passar boas informações, dar dicas.
Aliás, ele sempre fala no DVD com os gols e jogos dele. Ele alguma vez mostrou essa gravação pra você?
Ele sempre brincava sobre isso, mas a gente nunca viu esse DVD, não. Mas sempre dava esse migué. O jeito de ser dele cativa todo mundo, e isso ajuda ele a estar aí há tanto tempo.
Imagino que trabalhar com um cara como o Renato, por tudo que ele representa para o Grêmio, seja diferente. O que ele representou na tua carreira?
O Renato foi muito importante para mim. Me ajudou muito. Eu já vinha crescendo com o Roger, tinha acabado de subir para o profissional, ganhado a titularidade. A chegada dele foi muito importante porque ele me bancou também, deu dicas, informações, disse para fazer o que ele pedisse. Me ajudou muito e só tenho a agradecer.
No jogo final da Copa do Brasil de 2016 no Mineirão você fez dois gols e foi expulso contra o Atlético-MG.
Foi uma noite inesquecível, um misto de emoções que eu nunca tinha vivido. Eu estava feliz por ter feito dois gols. Mas aí veio a expulsão e quando eu estava descendo pro túnel, indo pro vestiário a ficha caiu. Estava feliz por ter ajudado, mas tinha acabado de ser expulso, deixado os companheiros na mão. Acabei chorando por isso, porque depois me dei conta que ia ficar fora da grande final.
" A gente nunca sabe (futuro). Tenho amigos aí, e se for da vontade de Deus, quem sabe possa voltar ?"
PEDRO ROCHA
Atacante comenta sobre uma possível volta ao Grêmio
E no vestiário como foi o papo com os companheiros ?
A gente comemorou muito. Tinha sido um bom resultado (vitória por 3 a 1) fora de casa. Eles me deram os parabéns e me tranquilizaram que na volta iam fazer um grande jogo e íamos conquistar o titulo.
E no jogo da volta você teve que assistir como torcedor. Realmente é algo muito difícil para o jogador isso?
Eu não quero nunca mais viver essa experiência como torcedor, é complicado. Melhor é estar dento de campo, onde dá para contribuir e ajudar a mudar o resultado. Naquela noite na Arena, senti na pele o que torcedor sente. Foi um dia inesquecível, mas que prefiro não viver mais.
Campeão da Copa do Brasil, veio a Libertadores de 2017. Você esteve na campanha, mas foi vendido antes. Sentiu-se campeão também, já que atuou em boa parte dos jogos?
Com certeza. Me sinto honrado de ter feito parte daquela campanha. Eu joguei até as oitavas de final (marcou quatro gols). Quando vim para a Rússia, fiquei na torcida pelos companheiros para que fossem campeões. Felizmente aconteceu, e eu recebi a medalha. Fiquei muito feliz pelo reconhecimento. Foi um título que agregou bastante à grandeza do Grêmio.
E como você tem acompanhado o futebol brasileiro aí em Moscou?
Sempre quando dá, a gente procura acompanhar não só o Grêmio, mas o futebol brasileiro. Tenho muitos amigos em todos os times. Nem sempre dá, porque temo fuso (são seis horas a mais em Moscou) e os jogos à noite complica para ver, porque aqui já é madrugada. Mas sempre que dá, torço pelos amigos. Espero acompanhar domingo (contra o Palmeiras) e que seja um grande jogo, uma grande final. O Renato conhece bem esse torneio, as finais, e é com ele e os jogadores.
Depois de você, veio o Everton, que foi vendido para o Benfica, agora o Pepê, que foi para o Porto. O torcedor gremista pode sonhar com um retorno do Pedro Rocha?
Tenho um carinho especial pelo Grêmio. Fico feliz porque até hoje eu recebo mensagens dos torcedores, desejando sorte, independente de onde eu esteja. Fico feliz pelo reconhecimento. A gente nunca sabe (o futuro). Tenho amigos aí (Porto Alegre) e se for da vontade de Deus, quem sabe possa voltar?
Mas você foi procurado?
A princípio não.
Assim como o Renato, você tem uma estátua em Porto Alegre. Qual a mais bonita?
A estátua mais bonita é a minha. Eu sou mais bonito que ele (risos). Isso foi uma coisa marcante para mim, para minha família. A gente resolveu eternizar o momento e quem sabe inspirar jovens assim como eu a crescer, a sonhar.
Seu pai, seu Jessé, ficou conhecido por anotar todos os seus gols em um caderno. Ele segue fazendo isso?
O caderninho sempre funciona. Ele sempre me cobra. São dois cadernos, um de quando eu comecei com oito anos e ele sempre anotou meus gols. E tem um só do profissional, que ele fez. Então é um para a base e outro para o profissional. Não sei o total (de gols), mas acredito que sejam mais de 200 somando tudo.