Antes protagonista do Grêmio, o garoto Pepê não tem conseguido manter o nível das grandes atuações de alguns meses atrás. Se a permanência na janela de transferências do meio da temporada lhe fez bem, o assédio europeu no final de 2020 e neste início de 2021 não tem impactado positivamente no desempenho do jogador.
Na vitória sobre o Bahia por 2 a 1, quarta-feira (6), na Arena, Pepê completou 11 jogos sem marcar gols com bola rolando. Neste período, balançou as redes apenas em cobrança de pênalti no empate em 1 a 1 com o Sport, pela 26ª rodada do Brasileirão, em 19 de dezembro. Porém, o último gol sem ser da marca da cal saiu há mais de 40 dias, em 26 de novembro, na vitória por 2 a 0 sobre o Guaraní-PAR, na partida de ida das oitavas de final da Libertadores.
Desde então, nestas 11 partidas entre o fim de novembro e o início deste ano, tem apenas uma assistência para gol (na goleada por 4 a 0 sobre o Vasco) e o gol de pênalti contra o Sport. A pontaria também não esteve em dia: das 10 finalizações que arriscou, apenas duas foram no gol, sete para fora e uma na trave. Em contrapartida, criou duas boas chances para os companheiros, que não foram aproveitadas.
— Não vejo queda de rendimento. Ele tem que fazer mais gols, até por ser atacante. Mas atuações ruins ele não vem tendo. Ele tem contribuído de outra maneira. Não me parece que o fato de não estar fazendo gols agora seja pela janela. Ele já teve para sair outras vezes e seguiu bem. Talvez ele não esteja jogando tão bem quanto já jogou, mas não acho que ele esteja mal — avalia Diogo Olivier, comentarista da Rádio Gaúcha e colunista de GZH.
Por outro lado, quem viveu uma situação parecida garante que a situação afeta qualquer jogador. Quando atuava no Grêmio, na década de 1990, Paulo Nunes conviveu com o assédio do Benfica, de Portugal, clube para o qual foi vendido em 1997. Segundo ele, a indefinição sobre o futuro mexe com a cabeça do jogador.
— É óbvio que isso afeta o jogador, ainda mais um jogador como o Pepê, que é jovem, tem esse sonho de ir para a Europa, está na cabeça dele. Quando essas situações não se resolvem, atrapalha muito a concentração do atleta, o foco, o mental. Quando não se resolve essa questão, o jogador fica ansioso, com dificuldade para descansar, dormir, pensar. Isso é natural, não é só o Pepê, é qualquer um nessa situação — destaca o ex-jogador, hoje comentarista do Grupo Globo.
O técnico Renato Portaluppi, inclusive, pediu para que Pepê mantenha o foco no Grêmio, que ainda disputa as primeiras posições do Campeonato Brasileiro e está na final da Copa do Brasil. O treinador reclamou da postura dos empresários, que no entendimento dele "colocam minhoca na cabeça do jogador".
— Já tive várias conversas com o Pepê. Todo jogador sonha jogar na Europa, mas não tem que forçar, precipitar as coisas. Uma hora ou outra isso vai acontecer, mas o apressado come cru. Ele é um bom garoto, tem boa cabeça, tem nos ajudado bastante e uma hora ele vai sair, mas é importante ele ficar focado tanto no Brasileiro quanto na Copa do Brasil — disse Renato após a vitória sobre o Bahia.
Agora, a definição fica por conta da direção gremista. A imprensa portuguesa destaca que o Porto tem interesse em contar com o jogador já nas próximas semanas. Porém, a cúpula tricolor garante que ainda não tem em mãos nenhuma proposta oficial pelo garoto, que faz 24 anos em fevereiro.
— O Pepê é, individualmente, o melhor jogador do Grêmio. Até mesmo por isso, a situação precisa ser resolvida o quanto antes pela direção. Ou coloca o jogador à venda ou diz que ele não vai sair agora. É difícil para o Pepê. Já passei por isso e é muito ruim. Mas como ele tem muita personalidade e criatividade, tenho certeza de que vai voltar a ser aquele Pepê que a gente conhece — projeta Paulo Nunes.
Aos gremistas, resta torcer para que, enquanto ainda vestir a camisa tricolor, o jogador consiga ajudar a equipe a conquistar vitórias e, quem sabe, títulos. Se resgatar o protagonismo que chamou atenção de todos ao longo do ano, Pepê pode até mesmo sonhar com a Seleção Brasileira. E a Europa passa a ser algo natural.
Série sem gols com bola rolando de Pepê:
- 30/11 – Grêmio 2x1 Goiás (Brasileirão)
- 3/12 – Grêmio 2x0 Guaraní-PAR (Libertadores)
- 6/12 – Grêmio 4x0 Vasco (Brasileirão)
- 9/12 – Grêmio 1x1 Santos (Libertadores)
- 12/12 – Goiás 0x0 Grêmio (Brasileirão)
- 16/12 – Santos 4x1 Grêmio (Libertadores)
- 19/12 – Sport 1x1 Grêmio (Brasileirão)
- 23/12 – Grêmio 1x0 São Paulo (Copa do Brasil)
- 27/12 – Grêmio 2x1 Atlético-GO (Brasileirão)
- 30/12 – São Paulo 0x0 Grêmio (Copa do Brasil)
- 6/1 – Grêmio 2x1 Bahia (Brasileirão)
Números do Pepê nos últimos 11 jogos:
- 1 gol (de pênalti)
- 1 assistência
- 10 finalizações (duas certas)
- 2 chances criadas
- 1 oportunidade perdida