Agora ex-jogador, depois de anunciar a aposentadoria em vídeo durante a semana, Douglas concedeu entrevista exclusiva à Rádio Gaúcha neste domingo (1º). O bate-papo com o ex-meia, chamado por muitos como o “último 10”, contemplou os principais pontos de sua trajetória: ele falou sobre as duas passagens que teve pelo Grêmio, sobre a proximidade com o técnico Renato Portaluppi, disse ser autêntico ao confirmar que sempre consumiu bebidas e projetou a carreira artística, novo foco profissional.
— Estou feliz. Estou aproveitando — disse o melhor jogador da Copa do Brasil 2016, conquistada pelo Tricolor, sobre o novo momento pessoal.
— É difícil falar sobre isso. Você fala e passa um filme na cabeça — desabafa ao recordar a trajetória como atleta.
Adeus aos gramados
A decisão para finalizar a carreira foi tomada há algumas semanas. Seu último clube, após sair de Porto Alegre e disputar uma temporada pelo Avaí, em 2019, foi o Brasiliense-DF. Apesar de proposta do Olímpia-PAR para atuar em mais uma Libertadores, Douglas rejeitou para ficar próximo das filhas:
— A minha opção foi parar mesmo. Estava longe das minhas filhas — justifica.
Relação com o Grêmio e Renato
A ligação com o Tricolor se deve por dois momentos distintos: o primeiro, ainda no Olímpico, entre 2010 e 2012, e o segundo, já na Arena, entre 2015 e 2018. Chegou à Seleção Brasileira, mas colaborou com a retomada das conquistas no clube. Por isso, a opção por ter como cenário a casa gremista:
— Na Arena é o clube mais recente que eu joguei. Foi emocionante e difícil de falar e fazer — recuperou sobre o vídeo de despedida.
—Você acaba tendo lembranças boas. Estou feliz com o meu momento e escolha — complementou.
Justamente no Grêmio que Douglas encontrou não apenas um técnico, mas um amigo. Ainda em 2010, quando o clube brigava para não cair no Brasileirão, Renato Portaluppi chegou e assumiu a equipe. Logo, segundo o ex-meia, tratou de passar confiança aos atletas.
— O Renato deixou de ser meu treinador e virou meu amigo — revelou.
— Ele me avisou que se eu voltasse do meio para trás ele me tirava do jogo. Aquilo me deu confiança, o time deu uma relaxada. Ele é um cara sensacional, ouço muita gente criticando ele agora, concordo com ele: tem que blindar. Fora de campo não tem necessidade de cobranças. Por isso que ele tem todos os títulos que tem — acrescentou.
Bebidas e apelidos
Douglas nunca escondeu ter hábitos poucos comuns a outros jogadores. Ele não nega, por exemplo, que consumia bebidas alcoólicas, mas que não cometia tantos exageros:
— Sempre bebi. A real é que eu não bebia todos os dias como acreditavam. Sou um cara que não gosta de baladas. Tem vários jogadores que fazem muitas coisas. Às vezes bebia demais e chegava no clube e avisava. Falar a verdade sempre me ajudou. O fato de ser autêntico sempre me ajudou — confessou
Considerado como o última 10 clássico, atletas de criação que perderam espaço no futebol, o ídolo do Tricolor se considera honrado pelos apelidos que recebeu vestindo as camisas de Grêmio, Corinthians, São Caetano e Criciúma. Porém, faz o alerta que as novas safras de jogadores pensam num estilo diferente de rendimento dentro de campo:
— Hoje em dia está acabando esse camisa 10, esse estilo de jogo. Antigamente eu queria ser Djalminha, Alex. Hoje querem ser Neymar, Messi e Cristiano. Acaba mudando muito o jeito de jogar.
Douglas cantor?
Agora sem a obrigatoriedade de treinamentos, viagens, concentrações ou partidas, Douglas se dedicará à funções artísticas. Funcionará como uma espécie de “embaixador” do cantor sertanejo Joel Carlo, que o acompanhou na entrevista no Domingo Esporte Show, da Rádio Gaúcha, e que tem hits como “beber, beijar” e “você mudou”, música que teve clipe lançado recentemente, contando com a participação do ex-meia.
— Eu amo música, andando com o Joel fica muito mais fácil. Foi a gravação do clipe dele, mas não tinha ideia que seria o padre. Não combina muito comigo — brincou, contando sobre o papel selecionado para ele na gravação.
Acompanhe a entrevista de Douglas na Rádio Gaúcha:
*Colaborou Marina Renard