Um dos principais destaques da temporada do Grêmio, com 10 gols, o centroavante Diego Souza vai reencontrar um velho conhecido na noite desta quinta-feira, 19h, no gramado da Arena. O artilheiro do ano tricolor teve passagem marcante pelo Sport, adversário pela sétima rodada do Brasileirão.
Um casamento que começou há seis anos, teve altos e baixos, saídas e chegadas, e esteve próximo de reatar antes da reestreia do jogador com a camisa gremista neste ano. Durante quatro temporadas (2014, 2015, 2016 e 2017), Diego fez 173 jogos e 57 gols, uma média de 0,32 gol por partida.
A relação teve início ainda em 2014, quando o então meio-campista não vivia um bom momento defendendo a camisa do Metalist, da Ucrânia, e foi contratado como o jogador capaz de alavancar o marketing do Sport. Ele chegava com a missão de comandar a equipe na Série A do Campeonato Brasileiro. Ali, uma ligação extremamente passional começou a ser construída entre o jogador e a torcida pernambucana. Não à toa ele recebeu a camisa 87, em alusão ao polêmico título da Copa União de 1987.
— Ele sempre foi um caso de amor com o Sport, o torcedor sempre foi muito passional, muito emocional com ele, dentro e fora de campo, isso foi conquistando o torcedor. Tanto que a torcida sofre com ele longe do clube — recorda Filipe Farias, repórter do Jornal do Commercio, de Pernambuco.
Mas a melhor temporada do jogador com a camisa rubro-negra foi a seguinte. Em 2015, ao lado de André (ex-Grêmio), Rithely, Marlone e Maikon Leite, e comandados por Paulo Roberto Falcão, o time pernambucano terminou o Brasileirão em sexto lugar, ficando à frente de equipes como Santos, Palmeiras e Cruzeiro, próximo da classificação para a Libertadores do ano seguinte. Foi pelas mãos do ídolo colorado que Diego começou a ganhar mais espaço para atuar como centroavante, em suas constantes trocas de posição com o atacante André.
— Eu jogava com duas linhas de quatro, então coloquei ele para atuar junto com o André. Eles estavam sempre muito juntos, isso funcionava demais. São dois jogadores muito inteligentes. O Diego protege muito a bola, dificilmente é desarmado, mas precisava de uma aproximação, já que nunca foi um velocista. Com alguém sempre encostando nele para ele não ficar isolado. Eu não podia tirar ele de onde se decidia o jogo, eu sempre digo que eu queria ele “fresquinho” para quando a bola chegasse aos pés dele. Um profissional de alto nível, comprometido e inteligente — ressalta Falcão.
Sua versatilidade foi explorada ao máximo no clube pernambucano. Tanto que chegou a atuar como goleiro, em uma partida em pleno Maracanã, contra o Flamengo. Naquela noite, Diego Souza teve de assumir o lugar de Magrão, que se lesionou nos últimos minutos.
A relação entre Diego e o Sport teve um término que não durou muito. Pela boa temporada de 2015, Eduardo Baptista, à época treinador do Fluminense e que já havia trabalhado com o atacante em Recife, pediu a contratação do jogador para o time carioca.
O agora jogador do Grêmio voltou ao clube em que foi revelado, mas acabou ficando pouco tempo (nove partidas). Baptista foi demitido e Diego perdeu espaço, o que o motivou a retornar ao lugar onde tinha a confiança da diretoria e da torcida. Ainda sob o comando de Falcão, voltou ao Sport e seguiu sua trajetória vitoriosa no clube.
Naquele ano, marcou quatro vezes contra o Grêmio no Brasileirão, duas na Ilha do Retiro e duas na Arena, em uma partida que ele deixou o gramado aplaudido de pé pelos torcedores gremistas, onde já havia marcado época na campanha do vice-campeonato da Libertadores de 2007. Sinal do carinho da torcida, que já alimentava o coração de Diego para um possível retorno a Porto Alegre. Ainda assim, o jogador não era o centroavante número 1 do Sport, alternando momentos como 9 e como meio-campista nas mãos do técnico Daniel Paulista.
— Mesmo jogando como meia ainda, ele já foi convocado para a Seleção para jogar como centroavante, mas a gente já via que ele tinha um potencial para desempenhar essa função mais adiantada e ele vem rendendo muito bem no futebol brasileiro. O Diego tem um porte físico muito bom, de jogador definidor. Ajuda a qualidade técnica que tem para finalizar com muita precisão ou fazer uma jogada ou assistência — afirmou Daniel Paulista.
As convocações que Daniel se refere ocorreram em 2017, quando Diego já havia voltado a ser meia, posição em que atuou nas 26 rodadas das 27 que disputou pelo Sport no Brasileirão. Ainda assim, recebeu oportunidades do técnico Tite como camisa nove, sendo convocado para a Seleção pela primeira vez desde 2011. Ao todo, jogou duas partidas pelas Eliminatórias e quatro amistosos — tendo marcado dois gols na goleada de 4 a 0 contra a Austrália.
— O Diego Souza traz uma virtude de imposição física, retenção de bola ou como um meia chegando. O Firmino pode exercer essa função mas o Diego tem uma sustentação maior para criar essas possibilidades. Numa bola aérea ou contra um adversário que marque no último terço do campo e possa sair pelos lados. Precisa de um jogador com essa característica — disse à época Tite, em entrevista ao programa “Bem, Amigos”, do SporTV.
Aquela temporada foi a derradeira do jogador em Recife, mas a semente já havia sido plantada no futebol brasileiro e Diego, que havia chegado como meio-campista ao Sport, deixava a equipe para o São Paulo como centroavante, algo que ficou nítido para seus companheiros, como relembra Rithely, que o acompanhou em toda sua trajetória em Pernambuco:
— O Diego sempre teve uma característica de centroavante, um cara muito forte e com um poder de decisão acima de média, então era uma questão de tempo até ele se encaixar nessa posição. Às vezes, até brinco com que ele jogava de segundo volante e meia de teimoso. Em campo, ele já mostrava essa evolução, sempre prendia bem a bola e dava desafogo ao nosso time. Acredito que hoje seja um dos melhores centroavantes do Brasil e nos últimos anos vem mostrando toda sua qualidade por onde tem passado e sempre deixando sua marca.
Agora, é a vez de retribuir os gols feitos no Grêmio na época em que defendia o Sport para acabar com o débito que tem com a torcida gremista, utilizando-se da famosa “lei do ex”.