Quarta-feira (26) à noite, contra o Caxias, no primeiro jogo da final do Gauchão, o Grêmio tem a missão de começar bem a luta pelo tricampeonato estadual e encerrar a sequência de quatro empates pelo Brasileirão. Para isso, será preciso que o ataque volte a funcionar mesmo sem o artilheiro Diego Souza, lesionado, e sem o antigo craque, Everton, negociado com o Benfica.
Desde a volta do futebol foram 10 jogos (cinco pelo Estadual e cinco pelo campeonato nacional) e apenas 11 gols. No Gauchão, a equipe balançou as redes oito vezes — quatro, em um único jogo, diante do Novo Hamburgo —, enquanto no Brasileirão foram apenas três gols — nunca mais de um por partida. Mas será que apenas a saída de Cebolinha e alguns jogos sem o centroavante titular têm tanto efeito assim?
Os números, assim como as justificativas do técnico Renato Portaluppi, mostram que o problema não se limita às peças. Embora a ausência dos dois tenha diminuído a efetividade do time no ataque, o principal ponto a ser trabalhado está na eficiência ofensiva.
O Grêmio é o terceiro time que mais finaliza no Campeonato Brasileiro, com média de 11 chutes por partida — mesma do São Paulo, e atrás apenas de Atlético-MG e Bragantino. Além disso, com oito grandes chances criadas, é o quinto time que mais gera situações para marcar. Porém, tem apenas três gols. Divide o posto de pior ataque da competição com Flamengo, Fortaleza e o lanterna Coritiba.
— O Grêmio tem criado, tem jogado bem, mas não tem um artilheiro nato. Mesmo o Diego Souza, que tem feito gols e é um bom finalizador, nunca foi esse jogador. Então, é preciso trabalhar com os atacantes, porque não adianta apenas dominar o jogo, é preciso colocar a bola para dentro — destaca o ex-centroavante Magno, multicampeão pelo clube na década de 1990.
Ainda assim, mesmo que não haja o definidor no time, o ex-atleta entende que não há motivo para desespero. Quando atuava no próprio Grêmio, recorda que o técnico Luiz Felipe Scolari buscava treinar os chutes e passar confiança aos atletas, especialmente os mais jovens.
— O Paulo Nunes mesmo não era um grande finalizador. Mas, no Grêmio, o Felipão trabalhou exaustivamente a finalização com ele, e isso deu resultado, tanto que foi artilheiro do Brasileirão de 1996. Por isso, acho que o que o Grêmio precisa é treinar situações de chutes, passar tranquilidade para os jogadores e manter a concentração sempre. O Renato, como ótimo atacante que foi, vai conseguir fazer isso — acredita o ex-atleta.
Defesa
Se o ataque anda em baixa, a defesa tem sido o ponto forte da equipe. Desde o retorno do futebol, foram quatro gols sofridos em cinco partidas no Gauchão e outros dois em cinco partidas do Brasileirão — sendo um de pênalti e outro com a equipe reserva em campo.
— A gente nota muito pouco gol no campeonato como um todo. Não é um problema só do Grêmio. As defesas estão melhores do que os ataques, muito porque os times jogam bem fechados, o que torna a vida dos atacantes mais difícil — avalia o ex-ponta-esquerda Loivo.
O ex-jogador, que está na Calçada da Fama do Grêmio, entende que a saída para o time melhorar os números ofensivos é abusar mais das extremidades do campo. Com Pepê e Alisson pelos lados, Loivo acredita que é possível superar os números ruins de gols marcados nos últimos jogos:
— O plantel do Grêmio é extraordinário, com mais de um bom jogador em cada posição. E acho que essa jogada pelo lado é muito forte, porque dá pra fazer triangulações dos pontas com os laterais, e isso pode abrir caminho para os gols. Mas a torcida pode ter certeza de que, na decisão, o Grêmio vai crescer e será campeão contra o Caxias.
AS JUSTIFICATIVAS PARA OS EMPATES
"Se o Grêmio tivesse ganho seria normal, porque tivemos chances, assim como o Ceará teve algumas. Tivemos altos e baixos durante a partida, até porque não tínhamos o entrosamento necessário"
Sobre o empate com o Ceará
"O Grêmio teve inúmeras oportunidades. Tivemos a chance do pênalti e só faltou o gol. Acho que minha equipe se comportou bem, buscou a vitória o tempo todo"
Sobre o empate com o Corinthians
"Fiquei satisfeito com a minha equipe. Nós dominamos o Corinthians no sábado, tivemos as melhores oportunidades de novo e, infelizmente, a bola não entrou"
Sobre o empate com o Flamengo
"Falta um pouco de tranquilidade no último passe, na hora de finalizar, mas fico feliz porque estamos criando. O Vasco era o líder, estivemos melhor do que o nosso adversário, fiquei satisfeito"
Sobre Vasco 0 x 0 Grêmio
Os números após a volta do futebol
Pelo Gauchão
- 5 jogos
- 4 vitórias
- 1 empate
- 8 gols marcados
- 4 gols sofridos
Pelo Brasileirão
- 5 jogos
- 1 vitória
- 4 empates
- 3 gols marcados
- 2 gols sofridos
Falta de efetividades no Brasileirão
- 3 gols
- 77 chutes
- 8 grandes chances criadas
- Precisa de 25,6 chutes para marcar um gol
- 1 gol a cada 2,6 oportunidades claras