O dia 30 de agosto de 1995 é inesquecível para os gremistas. E não podia ser diferente. Há exatos 25 anos, o Grêmio conquistava a América pela segunda vez ao empatar em 1 a 1 com o Atlético Nacional, Atanásio Girardot, em Medellín. No confronto de ida, disputado no Olímpico, o Tricolor havia vencido os colombianos pelo placar de 3 a 1.
Mais do que apenas um título, a campanha gremista na Libertadores de 1995 foi a transformação de um grupo considerado até então como comum em um dos maiores times da história do Grêmio. A equipe, formada praticamente só por jogadores vindos da base e atletas contratados especialmente para aquela temporada, ficou marcado pela garra, determinação e por uma série de conquistas relevantes em sequência naquela década.
Um dos técnico mais vitoriosos da história do futebol brasileiro, Luiz Felipe Scolari era o comandante do elenco campeão. O profissional lembra que a montagem do time começou ainda em 1994, ano da conquista da Copa do Brasil. A ordem do presidente Fábio Koff era de que fossem buscados jogadores que "tivessem o espírito que o Grêmio sempre teve".
— Aquele grupo era muito bom, muita amizade e ambiente maravilhoso. Isso que nos levou a conseguir o título. Foi trabalho, vontade, dedicação e ensinamento, mas também a união foi muito importante — relembrou Felipão.
Na fase de grupos, o Grêmio iniciou a campanha do título perdendo para o Palmeiras, em São Paulo, por 3 a 2. Mesmo com mais duas partidas fora de casa, veio a recuperação. Empate contra o Emelec e vitória sobre o El Nacional, ambos do Equador. A sequência de três jogos no Olímpico começou com um empate em 0 a 0 com o Palmeiras. A classificação para as oitavas de final se concretizou com duas vitórias: 4 a 1 diante do Emelec e 2 a 0 em cima do El Nacional.
No primeiro confronto mata-mata, o Olímpia, do Paraguai, não foi páreo para o Tricolor, que obteve duas vitórias. Nas quartas de final, o reencontro com o temido Palmeiras. Este confronto é considerado por muitos como o mais difícil enfrentado pelo Grêmio naquela Libertadores.
O duelo que era para ser complicado parecia liquidado com a história goleada por 5 a 0 sobre o rival no Olímpico. Mas, na volta, os paulistas assustaram e fizeram 5 a 1 no Grêmio. Foi no sufoco, mas foi. Nas semifinais, novamente o Emelec pelo caminho. Com um empate no Equador e uma vitória em Porto Alegre, o Tricolor avançou à final para encarar o Atlético Nacional.
A decisão
Os colombianos, além de campeões nacionais em 1994, tinham um elenco repleto de jogadores da seleção local, como o goleiro Higuita, o volante Serna e os atacantes Ângel e Aristizábal. Nada disso evitou que o Grêmio levasse a melhor no Olímpico e fizesse 3 a 1, com gols de Marulanda (contra), Jardel e Paulo Nunes — Ángel descontou para o Atlético Nacional.
Restava ao time gaúcho segurar a pressão no jogo da volta. E foi isso que aconteceu. Na partida em Medellín, o Grêmio até começou mal e levou um susto com o gol de Aristizábal. No entanto, aos 41 minutos do segundo tempo, o árbitro chileno Salvador Imperatore marcou pênalti de Herrera sobre Alexandre Xoxó. Dinho cobrou e empatou: 1 a 1. Não restava dúvidas. O título estava garantido.
— Acho que foi a sensação mais gostosa da minha carreira. Uma das lembranças mais importantes do tempo de jogador que tenho. Fui escolhido por Deus, digamos assim, para sofrer o pênalti naquele momento tão importante do jogo. Confesso que queria ter tentado o gol, mas, pelo título, valeu — recordou Xoxó.
"Uma final sempre é sofrida. É tensa. O futebol brilhante de um campeão se perde entre lances de nervosismo. Um detalhe, porém, decide um título. Assim foi a dramática reconquista da América pelo Grêmio, ontem à noite, ao empatar em 1 a 1 com o Nacional, no Estádio Atanásio Girardot, em Medellín. O Grêmio começou mal, sofreu um gol de Aristizábal, mas Dinho empatou aos 41 minutos finais, de pênalti, garantindo o bicampeonato", publicou Zero Hora na edição do dia seguinte.