Depois de quatro meses de paralisação, o Gauchão será retomado nesta quarta-feira (22). O Grêmio irá até Caxias do Sul, já que a prefeitura de Porto Alegre vetou a realização dos jogos na Capital, enfrentar o Inter, no estádio Centenário, às 21h30min. A volta do futebol também proporcionará a continuidade de uma parceria que ficou marcada pela conquista de títulos nos últimos anos.
O dia 7 de março de 2015 mudou a história do Grêmio e também do meio-campista Maicon. Pouco mais de cinco anos atrás, o jogador foi anunciado pela direção gremista após estar escanteado no São Paulo. Foi comandado por Felipão, mas foi com Roger Machado no meio daquele ano que começou a ganhar ainda mais notoriedade. Avalista de um modelo de jogo proposto pelo treinador, Maicon alterou um velho conceito difundido no futebol gaúcho: o do volante tosco, que mais bate do que joga.
— O futebol passou por uma transição. Antes se jogava mais setorizado, a parte defensiva tinha, como o nome diz, o papel de defender, não tinha tanto a obrigação de criar. Hoje, o futebol é mais completo. O Maicon alterou também a forma do Grêmio jogar, atualmente ele é essencial, pelo seu jogo curto, pelo toque refinado e pelo trabalho entre as linhas. Ele é fundamental — afirma Luiz Carlos Goiano, volante campeão da Libertadores em 1995.
O sistema proposto por Roger e sua comissão técnica privilegiava jogadores com bom passe e com uma visão de jogo aprimorada. Maicon passou a ser uma das referências técnicas gremistas dentro de campo, logo, por sua liderança, também passou a ser um dos capitães do clube. Auxiliar técnico da equipe à época, James Freitas, atualmente treinador, conviveu com o camisa 8 no Grêmio e afirma que sua importância na equipe transcende as quatro linhas.
— Ele é um jogador à frente do tempo dele. Surgiu como meia, tem uma capacidade de passe e de articulação enorme. Ele ajudou muito diversos jogadores no clube, o Walace, o Jailson, o Arthur, todos quando subiram, ele foi conversar. Tenho certeza de que ele continua fazendo isso. Uma das qualidades dele é ser altruísta, sempre pensa em ajudar o grupo. Ele tem uma liderança natural e que inspira jovens de outros clubes também — conta James.
A chegada de Maicon coincidiu com a aparição de volantes, ou melhor, meio-campistas de extrema qualidade nas categorias de base do Tricolor. Quando desembarcou em Porto Alegre, Walace já era titular, mas foi com a chegada do camisa 8 tricolor que o jogador ganhou ainda mais confiança. Assim que o primeiro foi vendido, Jailson foi alçado para a equipe profissional e também recebeu o auxílio do capitão.
— O Maicon foi importante demais na minha afirmação como profissional. Ele sempre está disposto a conversar e ensinar tanto sobre a parte dentro de campo quanto fora dele. Quando tu és novo assim, ainda cheio de insegurança, isso é fundamental para conseguir crescer. Ao lado dele fica fácil de jogar. Ele controla muito bem a bola e se movimenta com inteligência. Facilita o jogo para todo time — afirma o jogador atualmente no Fenerbahçe.
Talvez na temporada de 2017, Maicon tenha dado a maior mostra de valor aos torcedores gremistas. Além de Jailson, o Grêmio tinha no elenco o volante Michel, vindo do Atlético-GO, e surgia também Arthur, atualmente no Barcelona e maior venda da história do Tricolor.
No ano da conquista da Libertadores, o capitão conviveu com lesões, atuando apenas 21 vezes no ano. Quando retornou, o jogador do time espanhol e Michel haviam tomado conta da posição. Sabendo de sua condição física e do melhor momento dos companheiros, pediu para ficar no banco de reservas.
Naquele mesmo ano, Maicon levou Arthur ao Centro Digital de Dados para conversar com os analistas de desempenho do Grêmio. Queria mostrar ao companheiro que ele precisava mudar o passe médio nos jogos, buscando um jogo mais vertical. Prova da sua veia professoral. Depois disso, o jovem evoluiu e explodiu no Tricolor.
— O Maicon, além de ser um grande jogador, uma referência dentro de campo, também é um grande amigo. Ele sempre me ajudou. Desde que comecei a treinar com os profissionais, ele estava lá dando conselhos e dicas. Certamente é uma das pessoas que mais ajudou no meu crescimento dentro do Grêmio. Tenho sorte por jogar na mesma posição que ele em campo, então os ensinamentos dele sempre foram ideais para mim. Sempre falava comigo durante os treinos e, principalmente, depois dos jogos. Aprendi muito com ele em relação a posicionamento, saída de jogo e movimentação em campo — lembra o camisa 8 do Barcelona que jogará na Juventus ao final da atual temporada europeia.
A importância do capitão segue sendo reconhecida pelos jogadores do Grêmio. Companheiro de Maicon no meio-campo gremista, Matheus Henrique afirma que o camisa 8 gremista é praticamente um treinador dentro de campo.
— Estamos sempre nos comunicando dentro de campo. Ele nos dá conselhos. Jogamos lado a lado, então quando o jogo está mais complicado, ele chega e fala que a gente tem de ficar mais com a bola, ou quando a partida está controlada, conversamos de um sair mais e outro ficar. Ele tem essa comunicação, não só com os volantes, mas também com todos os outros jogadores. Ele é uma voz ativa do nosso elenco — salienta o camisa 7 do Grêmio.
Além de auxiliar inúmeros jovens nesses cinco anos no Grêmio, Maicon escreveu seu nome na história gremista com cinco títulos e deixou sua marca na calçada da fama tricolor.