Nem precisava o foguete Dragon Crew, da Space X, voar para o espaço neste final de semana para mostrar que a Terra é azul. A reprise de Grêmio x Hamburgo, pelo Mundial de Clubes, que a RBS TV e a Rádio Gaúcha transmitiram, já havia deixado disso claro desde 1983. Naquele 11 de dezembro, os comandados de Valdir Espinosa, sob a inspiração de Renato Portaluppi, venceram os campeões da Europa e incluíram no planeta também o preto e o branco da bandeira tricolor.
O treinador foi um dos mais celebrados na exibição da partida. Convidados pela RBS TV para comentar o jogo, o goleiro Mazaropi e o lateral-direito Paulo Roberto não pouparam elogios ao técnico, morto em 20 de fevereiro.
— A gestão de grupo é mais importante do que qualquer plano tático. O importante é ter segurança e certeza no que o treinador faz. Taticamente ele era excelente e nesse jogo foi perfeito — disse Paulo Roberto.
Segundo o ex-goleiro, a condução de Espinosa foi tão importante que deixou marcas até hoje entre os companheiros.
— Aquele era um grupo família. Até hoje mantemos contato pelo WhatsApp — contou Mazaropi.
O jogo, para quem nunca tinha visto, mostrou bem mais do que a enorme partida de Renato Portaluppi. Foi um Grêmio sólido defensivamente, criativo no meio e letal na frente. Mário Sérgio desfilou em Tóquio, muitas vezes sem nem precisar olhar para a bola. A atuação, aliás, foi enfatizada nas redes sociais:
Tarciso deu suas arrancadas pela ponta. Osvaldo e China deram consistência. Atrás, Paulo Roberto e PC Magalhães controlaram os lados, enquanto Baidek e De León fecharam o miolo. O camisa 7, atual treinador do Grêmio, com seu jeitão, não deixou barato:
— Esse recado é para o meu grupo. Sentem em frente à TV, peguem um saquinho de pipoca e vejam se aprendem alguma coisa. No final, batam palma.
Aos 37 minutos, ele fez estourarem alguns foguetes em Porto Alegre, 37 anos depois, como naquela madrugada. Com força, velocidade e habilidade, arrastou os alemães pelo lado direito e chutou forta para fazer 1 a 0.
O jogo se encaminhava para o final quando, aos 40 do segundo tempo, Schröder empatou.
Foi preciso uma prorrogação para dar ao Grêmio seu título mundial, mas Renato só precisou de três, dos 30 minutos, para resolver o problema, driblando os campeões europeus e batendo forte, no canto.
Novamente foguetes e comemorações, como se fosse agora mesmo. Renato começava, ali, a imortalizar seu nome no Grêmio. Eternizado por Paulo Sant'Ana, que brigava por sua titularidade e foi recompensado com o título.
Enquanto isso, o "seu grupo", como gosta de chamar, deve ter, mesmo, aplaudido o comandante. A Terra, de fato, é azul.
Ficha técnica
Mundial de Clubes — 11/12/1983
GRÊMIO (2)
Mazaropi; Paulo Roberto, Baidek, De León e PC Magalhães; China, Osvaldo (Bonamigo, 33'/2ºT) e Paulo César Caju (Caio, 25'/2ºT); Renato, Tarciso e Mário Sérgio. Técnico: Valdir Espinosa.
HAMBURGO (1)
Stein; Wehmeyer, Hieronymus, Jakobs e Scrhöder; Groh, Hartwig e Magath; Rolff, Hansen e Wuttke. Técnico: Ernst Happel
Gols: Renato (G) aos 37 do 1º tempo e aos 3 do primeiro tempo da prorrogação; Schröder (H) aos 40 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Mazaropi, Caio e Renato (G); Stein e Hartwig (H)
Local: Estádio Olímpico, Tóquio
Público: 62.000
Renda: não divulgada
Arbitragem: Michel Vautrot (Fra), auxiliado por Toshikazu Sano (Jap) e Shizuhasu Nakamichi (Jap)