Tricampeão da Copa do Brasil e com passagem pela Seleção Brasileira, Mano Menezes está sem clube desde que deixou o Palmeiras ao final da temporada passada. Aos 57 anos, o técnico tem aproveitado a pausa para avaliar os próximos passos da carreira e estudar.
Em entrevista ao programa Paredão do Guerrinha, da Rádio Gaúcha, que irá ao ar neste sábado (4), Mano falou sobre o início como treinador nas categorias de base do Guarani de Venâncio Aires, além de relembrar a campanha surpreendente com o XV de Novembro na Copa do Brasil de 2004 e o convite para treinar o Grêmio em 2005.
— Terminou a Copa do Brasil e eu voltei para a casa. O Caxias estava na Série B (em 2004). Estava nas últimas colocações e me convidaram. Tivemos uma reação. Faltou um ponto para classificarmos para a próxima fase. Continuei no Caxias em 2005. No dia 21 de abril, faltando três dias para o início da segunda divisão, o Grêmio demite o Hugo de León e me chama para ser o técnico. Foi a grande oportunidade da minha vida — contou.
Pelo Grêmio, o técnico foi campeão gaúcho em duas oportunidades, nos anos de 2006 e 2007. Mas, sem dúvida nenhuma, o momento mais marcante desta passagem foi a conquista da Série B do Brasileirão e a histórica partida contra o Náutico, que ficou conhecida como a Batalha dos Aflitos.
— Fomos escolhidos para viver aquele momento. Nunca existiu algo parecido e não vai existir. O Grêmio esteve a ponto de não continuar na partida, mas o presidente Paulo Odone e eu tivemos um momento de lucidez. Eu lembro de ter falado para ele que, quando o time sai de campo, duas pessoas seriam responsabilizadas. O presidente e o técnico. Ele disse que eu tinha razão e que iríamos ficar. Essa foi a decisão mais importante da história do Grêmio nos últimos anos — recordou.
No decorrer da carreira, o treinador foi contratado pelo Corinthians. O sucesso na equipe paulista lhe abriu as portas da Seleção Brasileira. Contratado em julho de 2010, foi demitido em novembro de 2012.
Apesar de trabalhado nas categorias de base do Inter, Mano nunca ficou a frente do grupo principal. Ele revelou que houve uma sondagem em 2010, quando o clube havia demitido o uruguaio Jorge Fossati, mas as conversas não evoluíram. Também comentou a polêmica com o ex-presidente colorado Vitório Piffero, que em campanha para o cargo declarou que o profissional "não seria técnico para o Inter".
— O futebol é cheio de circunstâncias. Teve momento em que esteve próximo. Quando estava no Corinthians, fui sondado na época em que o Fossati foi demitido. Eu disse que não me sentia a vontade de assumir naquele momento, pois eu tinha sido eliminado na Libertadores com o Corinthians. Foi apenas uma sondagem. Depois tivemos o desgaste da fala do presidente (Piffero). Na medida em que você é desrespeitado, pensa que não é o lugar ideal. Começar errado sempre aumenta a chance de dar errado lá na frente — disse.
Nos trabalhos mais recentes, Mano se tornou ídolo no Cruzeiro ao vencer por duas vezes a Copa do Brasil, nos anos de 2017 e 2018. A história, no entanto, não o impediu de pedir demissão em agosto de 2019. A situação vivida pelo clube mineiro, que culminou com a queda para a segunda divisão, pesou na decisão do treinador.
— É importante esclarecer que eu achei que deveria sair naquele momento. A maneira como tudo estava sendo conduzido não dava mais. Percebi que iria passar por um desgaste. Os trabalhos vencedores têm o mesmo ciclo. Você ganha um ano, dois. Chega no quarto ano e as pessoas começam a achar que a bicicleta pode andar sozinha. Cada um deixa de fazer um pedaço importante. Vieram três treinadores depois e nenhum conseguiu resolver. O furo era mais embaixo — concluiu.