Uma defesa de pênalti que mudou a história do clube. Pode-se definir assim o que fez Galatto ao salvar, com o joelho, o que seria o gol do Náutico na famosa Batalha dos Aflitos, em 2005. Era o último jogo daquela Série B e o Grêmio precisava, ao menos, empatar para retornar à elite. A vitória, garantiria o título da Segunda Divisão. Mas se não fosse pelo goleiro, então com 22 anos (completa 37 nesta sexta-feira, 10), o Tricolor talvez tivesse amargado um longo período distante das grandes competições. Por isso, esta defesa foi escolhida em enquete aberta em GaúchaZH nesta semana como a mais marcante dos 116 anos gremistas.
— Esperei a batida, saí no momento certo e tirei com o joelho. Ele deve ter tentado bater no meio, mas a bola foi mais para o lado, eu pulei para a esquerda e, com a perna direita, joguei para escanteio. Não tem como esquecer — diz Galatto.
Mas a defesa não entrou para a história apenas por isso. Aquele jogo foi marcante. Inimaginável. No Estádio dos Aflitos, em Recife, a missão gremista não parecia assim tão difícil antes de a bola rolar. Mas o Náutico fez questão de dificultar. Os jogadores não puderam aquecer no gramado e tiveram de ficar no vestiário, recém pintado, que causou irritação em alguns atletas devido à tinta fresca. Com 15 minutos de atraso, o jogo começou.
Ainda no primeiro tempo, os donos da casa tiveram a chance de abrir o placar em cobrança de pênalti. Mas Bruno Carvalho mandou na trave direita de Galatto. As coisas pareciam que se encaminhariam bem para o Grêmio. Mas nada de facilidade. O jovem goleiro gremista precisou trabalhar bastante na etapa inicial.
Na volta do intervalo, chances para os dois lados. A situação começou a se complicar para o Grêmio quando o lateral-esquerdo Escalona foi expulso, aos 30 minutos, depois de interceptar uma bola com a mão e levar o segundo amarelo. Em seguida, o Náutico teve até mesmo um pênalti sonegado pela arbitragem. Nada que, poucos minutos depois, não fosse recompensado pelo pênalti marcado por Djalma Beltrami depois de a bola bater no cotovelo de Nunes. Ali, iniciou-se uma grande confusão.
Foram 25 minutos de paralisação e mais três gremistas expulsos: Patrício, Nunes e Domingos. Nesse meio tempo, em meio a ameaças de que o Grêmio tiraria o time de campo, Galatto permaneceu frio e ouviu as orientações do então preparador de goleiros do clube Francisco Cerzózimo, que pediu para ele esperar a definição do batedor, Ademar, que não era um dos cobradores oficiais de pênalti da equipe pernambucana. E foi o que ele fez.
— O Grêmio tem quatro jogadores expulsos, o placar é 0 a 0, o Grêmio tem um pênalti contra si e a situação é terrível. É a chance do Náutico, autorizado, atirou: Galaaatto, Galaaatto, Galaaatto — narrou Pedro Ernesto Denardin na Rádio Gaúcha.
O goleiro, calmamente, esperou a definição de Ademar, que bateu entre o meio do gol e o lado esquerdo do gol, para onde saltou Galatto. Com o joelho direito, ele mandou a bola para escanteio e evitou o que poderia ser o fim da chance de acesso do Grêmio à Primeira Divisão naquele ano.
Depois, você já sabe o que aconteceu: o Grêmio buscou o ataque, viu Batata, do Náutico, ser expulso, e Marcelo Costa tocar a bola rapidamente para Anderson. Ele arrancou pela esquerda, invadiu a área e cara a cara com o goleiro Rodolpho fez o gol que deu o título da Série B de 2005 para o Tricolor. Além disso, imortalizou a defesa de Galatto e a Batalha dos Aflitos, que ficarão sempre marcadas na lembrança do torcedor que viu a história do clube, em poucos minutos, transformar-se de um longo e dolorido pesadelo em um sonho daqueles que você não quer acordar nunca mais.