O primeiro tempo do Grêmio no Gre-Nal 423 foi de supremacia, mesmo na casa do rival. Ainda que o gol da vitória tenha saído na etapa final, quando o Inter era melhor, chamou atenção de quem assistiu ao clássico de sábado (15), no Beira-Rio, a superioridade tricolor nos 45 minutos iniciais de partida. E muito disso teve uma razão: a escalação com três volantes de origem, que cumpriram papeis diferentes em campo, mas deram ao time de Renato Portaluppi a força necessária para encarar a equipe de Eduardo Coudet.
Com Lucas Silva como o homem mais recuado do meio-campo e uma linha de quatro posicionada à sua frente (com Alisson, Matheus Henrique, Maicon e Everton, da direita para a esquerda), o Grêmio dominou o setor e foi mais agressivo no ataque, mesmo que a bola ficasse mais com os donos da casa. A troca do 4-2-3-1, utilizado por Renato desde que retornou ao clube, em 2016, pelo 4-1-4-1, surtiu o efeito desejado pelo treinador.
— A estratégia funcionou porque o Grêmio conseguiu neutralizar o Inter com a presença dos três no meio, em um setor em que o time colorado é muito forte. Mas não acredito que os três volantes sejam mantidos de forma sucessiva. Vejo que o Renato pode usar essa formação quando observar alguma necessidade específica — avalia Jader Rocha, que narrou o clássico para o canal Premiere.
Tamanha foi a diferença na etapa inicial, que o Grêmio desperdiçou duas chances claras de gol, com Alisson e depois Diego Souza, e ainda teve dois gols de Everton invalidados pela arbitragem. Enquanto isso, o Inter sequer havia ameaçado a meta defendida por Vanderlei.
No final do primeiro tempo Musto foi expulso e, para tentar atacar com mais força, Renato substituiu Maicon por Thiago Neves logo aos seis minutos da etapa final. A troca não deu o resultado esperado e o Inter passou a dominar o jogo.
Até mesmo por isso, ficou a dúvida para a decisão do primeiro turno do Gauchão, contra o Caxias, no Centenário, no próximo sábado: o Grêmio terá, novamente, três volantes, ou voltará ao seu esquema habitual, com um meia à frente da primeira linha do meio-campo? No entendimento de Eduardo Costa, volante campeão do Gauchão e da Copa do Brasil pelo clube em 2001, o melhor é manter o trio Lucas Silva, Matheus Henrique e Maicon.
— Os três não são volantes, são meias que sabem atacar e defender. Com eles, a equipe tem um controle de jogo muito grande. Com o Thiago Neves, que é mais meia-atacante e talvez não tenha essa leitura defensiva, sofre um pouco mais. Por isso, acho que o Renato vai manter o time, caso não tenha problemas físicos — destaca o ex-jogador.
E é exatamente a questão física que pode fazer com que a formação do Gre-Nal seja mantida. Isso porque, segundo o próprio Renato, Thiago Neves ainda não está 100%.
As outras duas opções para a função, Jean Pyerre e Thaciano, também estão em fase de recuperação de lesões e, por isso, a continuidade do tripé de volantes do meio-campo gremista ganha força. Porém, caso o atleta trazido do Cruzeiro mostre ao longo da semana que está em boas condições, poderá ser escolhido pelo comandante tricolor para a final.
— Os três volantes se justificam só se Thiago Neves não conseguir reunir condições físicas, o que é bem provável. Com Jean Pyerre e Thaciano lesionados, mais Luciano inoperante na função, resta Lucas Silva para liberar Matheus como volante apoiador. É uma solução emergencial — ressalta Diogo Olivier, colunista de GaúchaZH, que esteve nos comentários da partida pela RBS TV.