O Grêmio, enfim, encontrou um centroavante. Foram necessárias mais de 60 partidas em 2019, eliminações traumáticas e a ineficiência de outros atletas da função para que o técnico Renato Portaluppi apostasse em Luciano.
Desde que assumiu a titularidade, são cinco jogos e cinco vitórias. Além dos 100% de aproveitamento, vieram os gols, as assistências e um número que o coloca como o atacante mais efetivo do clube: ele precisa de apenas 146,3 minutos para balançar as redes ou dar passe para gol — estatística superior à de André, Vizeu e Tardelli.
Vindo do Fluminense em julho, o atleta de 26 anos era o artilheiro da equipe carioca no ano com 15 gols em 31 jogos. Entendeu que a possibilidade de jogar uma Libertadores, em um clube que paga em dia, poderia ser melhor para a sua carreira. Tanto é que assinou um contrato longo, de três anos e meio, para permanecer no Rio Grande do Sul até dezembro de 2022.
Teve poucas chances no seu início no Tricolor. Enfrentava a concorrência de André e Tardelli como homem de referência e, pelos lados, via Pepê ser a primeira opção a Alisson e Everton. A chance veio após a queda gremista na Libertadores, quando a equipe levou 5 a 0 do Flamengo no Maracanã. Precisando dar uma resposta imediata, Renato escalou o atacante e, devido ao bom desempenho, não o tirou mais.
— O Luciano tem um potencial enorme, tanto que até agora é o vice-artilheiro do Fluminense na temporada, tendo sido superado pelo Yony (González) há pouco. Agora que se firmou como titular, tem tudo para ir bem nesse modelo do Grêmio, trocando de posição com o Tardelli — avalia Jader Rocha, narrador do Grupo Globo que trabalhou em três dos cinco jogos do time de Renato após a queda para o Flamengo.
A média de participações de Luciano em gols do Grêmio supera, inclusive, a de Everton, artilheiro tricolor na temporada. É preciso levar em conta que Cebolinha atuou muito mais tempo. Mas o jogador da Seleção Brasileira leva 155,3 minutos para colocar a bola na rede ou dar uma assistência para gol, número mais alto do que o do camisa 18.
O gol de bicicleta, no domingo passado, contra a Chapecoense, foi a última prova de que precisava a torcida gremista para acreditar que, finalmente, o camisa 9 chegou. Mesmo sem tanta badalação, Luciano deu a intensidade que o ataque gremista precisava. Algo que, para o ex-centroavante Nildo, campeão da Libertadores pelo clube em 1995, é fundamental no futebol moderno:
— Ele, assim como o Tardelli, recompõe rápido. Isso facilita para o time como um todo. O Flamengo faz isso também, usa atacantes de movimentação e que sabem fazer gols. Nesses últimos cinco jogos, o Grêmio conseguiu fazer isso. E, em nenhum momento, vimos o Luciano reclamar do banco de reservas. A oportunidade não pegou ele desprevenido.
O último centroavante que havia conseguido se firmar no clube foi Jael. Entre críticas e apoio dos torcedores, o centroavante que hoje atua no futebol japonês marcou 12 gols e deu 10 assistências em 2018. Precisou de apenas 122,9 minutos para fazer ou dar passe para gol — média superior a de Luciano. Mas, com características diferentes, Nildo entende que o Grêmio ainda necessita de um atacante mais de área para a próxima temporada, já que André não deu a resposta espera e Vizeu tem permanência incerta na equipe.
E quando Jean Pyerre voltar?
Com uma lesão muscular na coxa direita, nesta terça-feira completa 54 dias desde que Jean Pyerre sentiu em um treinamento e não pôde mais atuar. Perdeu as partidas decisivas do Grêmio na Libertadores, contra o Flamengo, e viu Luan reassumir a titularidade no meio-campo. Quando o camisa 7 também se machucou, era esperado o seu retorno, o que não ocorreu.
O outro meia de origem no grupo gremista é o garoto Patrick, pouco testado entre os profissionais. Até mesmo por isso, Renato optou por usar Tardelli mais recuado com Luciano à frente. E deu certo. Mas, e quando Jean Pyerre voltar?
— O Jean é um jogador de muita qualidade, que estava bem até se machucar. Não sei se volta ainda neste ano, mas tem lugar no time, sim. Fez muita falta na Libertadores e acredito que, quando ele retornar, é o Tardelli quem sai. Mas, claro, isso depende do que pensa o Renato. Eu tiraria o Tardelli, que tem mais idade e pode ir entrando no time — pondera o ex-atacante Magno, também campeão da América pelo Grêmio.
Números pelo Grêmio em 2019
LUCIANO
- 15 jogos
- 878 minutos em campo
- 3 gols
- 3 assistências
- 146,3 minutos para fazer ou dar passe para gol
ANDRÉ
- 44 jogos
- 2.693 minutos
- 7 gols
- 7 assistências
- 192,3 minutos para fazer ou dar passe para gol
TARDELLI
- 43 jogos
- 2.295 minutos
- 7 gols
- 1 assistência
- 286,8 minutos para fazer ou dar passe para gol
VIZEU
- 24 jogos
- 987 minutos em campo
- 5 gols
- 1 assistência
- 164,5 minutos para fazer ou dar passe para gol
*Jael disputou três jogos pelo Grêmio em 2019. Fez dois gols e deus duas assistências em 210 minutos em campo — média de 52,5 minutos para participar de um gol.