O Grêmio sonhava com outro título para a reta final desta temporada. Poderia ser Copa do Brasil ou Libertadores, mas a torcida contava com caneco e volta olímpica para coroar um ano que começou com uma campanha quase irretocável no bicampeonato do Gauchão. A nova conquista não veio. E pior: o time comandado por Renato Portaluppi amargou uma derrota vexatória para o Flamengo, na semifinal do torneio continental, pelo placar de 5 a 0.
Para salvar esse 2019 de altos e baixos, nada melhor do que um Gre-Nal. O problema, segundo quem já viveu momentos parecidos, é que não há garantia de vitória para o clássico deste domingo (3), na Arena.
— Quem ganhar, vai ter o moral elevado. Mas, quem perder, poderá ter dificuldade no restante do campeonato, porque fica mais longe da vaga e atrás do rival. Por tudo isso, é muito importante a vitória. Gre-Nal é assim, quando vence, a confiança fica elevada, mas, quando perde, é crise — ressalta o ex-atacante do Grêmio Jorge Veras.
O atacante ficou marcado no clube, especialmente, por balançar as redes no clássico. Foram quatro gols no maior rival em 1987, ano em que chegou ao Grêmio. Em seu primeiro Gre-Nal, marcou os dois na vitória por 2 a 1 no estádio Olímpico. Na mesma temporada, fez mais dois gols contra o Inter e ganhou fama de "Homem Gre-Nal". Um deles, inclusive, tirou invencibilidade de 900 minutos sem levar gols de Taffarel, então goleiro do Inter e da Seleção Brasileira.
— Gre-Nal sempre é importante. Claro que valendo alguma coisa, como uma classificação para a Libertadores, ele cresce. Se o Grêmio ganhar, deve ultrapassar o Inter. Isso, sim, é importante. Vai ser um bom jogo, mas acho o Grêmio mais time e, por isso, é favorito — destaca o ex-atacante.
Mas não são apenas as boas lembranças que ficaram do clássico. Veras estava em campo no "Gre-Nal do Século", válido pela semifinal do Campeonato Brasileiro de 1988, mas disputado em fevereiro de 1989. Na ocasião, além de vaga na final do Brasileirão, o jogo também qualificava o vencedor para a Libertadores. A vitória colorada, de virada, abalou o time gremista.
—Disputei alguns clássicos, tive muitos êxitos, mas o Gre-Nal do Século me marcou. Éramos favoritos e saímos ganhando no Beira-Rio. Tomamos dois gols de contra-ataque e perdemos aquele jogo. Doeu muito. Teve um peso grande, negativo para nós. Muita coisa mudou depois daquele jogo. Alguns jogadores até saíram do clube — recorda o ex-jogador.
Outro ex-atacante gremista, Christian acredita que o clássico tenha chegado em boa hora para o clube. Depois da goleada no Maracanã, é preciso remotivar os jogadores. Com experiência em Gre-Nal pelos dois lados, ele entende que nada melhor do que enfrentar - e vencer - o Inter para reanimar o grupo.
Em 2003, quando vestia a camisa tricolor, o então centroavante lembra que o Grêmio era lanterna do Brasileirão e brigava contra o rebaixamento quando teve de enfrentar o maior rival no Beira-Rio, já na reta final da competição. O Inter era favorito, mas acabou derrotado com gol de Christian, que reafirmou a importância daquele triunfo:
— Aquele jogo foi um divisor de água para nós. Se eles vencessem, teriam chances reais de irem para a Libertadores, e nós, de cairmos. Mas vencemos e aquilo serviu para dar moral para aquele grupo, que cumpriu a missão de livrar o time do rebaixamento. Vencer o Gre-Nal fez as coisas fluírem mais.
Com essas lembranças, o Tricolor deve apostar suas fichas em uma vitória no domingo para esquecer de vez o vexame trazido do Rio de Janeiro e focar em entrar na zona de classificação à Libertadores do ano que vem. Afinal, Renato Portaluppi prometeu. O que os torcedores mais esperam é que a promessa comece a ser paga neste fim de semana.
FRASES
Jorge Veras, ex-atacante do Grêmio
"O Grêmio é melhor do que o Inter, com todo respeito. Uma vitória dá uma tranquilidade maior, uma motivação para que todos os atletas tenham mais alegria, mais garra, mais vontade. Vai ser um grande jogo, mas o Grêmio tem tudo para conseguir a vitória."
Christian, ex-atacante da Dupla
"O momento do futebol gaúcho virou. Os clássicos que eram esperados, não aconteceram. O Inter não venceu a Copa do Brasil, e o Grêmio foi eliminado da Libertadores. Mudou tudo da noite para o dia, e o que resta agora é a classificação para a Libertadores do ano que vem. Poucos dias atrás, ninguém estava pensando nesse Gre-Nal. Agora, ele passa a valer muito. Virou um Gre-Nal de seis pontos."