A goleada por 5 a 0 sofrida para o Flamengo, no Maracanã, foi um duro golpe em um Grêmio que sonhava com o tetra da Libertadores. Depois do jogo, um sentimento único tomava conta de todos os gremistas, fossem eles torcedores, atletas, dirigentes ou até mesmo o treinador: tristeza. Ainda assim, todos destacaram o primeiro tempo eficiente feito pela equipe e a péssima segunda etapa.
— Mesmo sem jogar bem, o jogo estava parelho no primeiro tempo. Todos os gols foram falhas nossas. Jogamos muito mal. Hoje (quarta-feira), uma mulher grávida faria gol no Grêmio. Demos todas as chances para o Flamengo. E o Flamengo soube aproveitar — lamentou o técnico Renato Portaluppi na entrevista coletiva após a derrota.
O comandante gremista, assim como os poucos jogadores do time gaúcho que falaram com a imprensa, tratou de exaltar a força do adversário e lembrar que a equipe seguirá firme e forte no Campeonato Brasileiro, no qual o Grêmio buscará o G-4 ou, pelo menos, o G-6.
— Agora é levantar a cabeça. Vamos pensar no Brasileirão, porque no fim de semana temos jogo contra o Botafogo — tentou se esquivar Renato.
Nesta mesma linha, seguiu o lateral-direito Léo Moura, que completou 41 anos nesta quarta-feira (23) e relatou que desde o início da preparação para o jogo já sabia que não atuaria no Maracanã. Segundo ele, foi uma partida para apagar da memória:
— A gente tomou uns gols que não estamos acostumados, contra uma equipe que joga para cima. É um jogo para a gente esquecer. Agora temos o Brasileirão para colocar o time na Libertadores do ano que vem.
Defesa do grupo
Mesmo com a goleada, Renato fez questão de defender o grupo de atletas. Nas redes sociais, muitos torcedores pediam a saída de diversos jogadores. Questionado sobre isso, o técnico destacou que esses mesmos profissionais colocaram o Grêmio nas semifinais da Libertadores e da Copa do Brasil neste ano.
— Nessas horas, temos de falar pouco. Quando se ganha, todo mundo é bom. Quando a gente não consegue o resultado, ninguém é bom. Infelizmente, muita gente pensa assim no Brasil. Nos últimos três anos temos conquistado inúmeros títulos — salientou, embora tenha ressaltado a importância de renovar a equipe:
— Independentemente dos resultados que se tem ao longo da temporada, é sempre bom renovar o grupo. Mas agora não é hora. Até ontem, o Grêmio era um timaço. Aqui no Brasil, infelizmente, só é bom quem ganha. Ninguém acreditava que o Grêmio iria chegar, e chegamos à semifinal. O Flamengo passou merecidamente para a final.
O treinador também afirmou que o time carioca, hoje, está à frente do Grêmio. O sentimento foi compartilhado pelo vice-presidente de futebol do clube Duda Kroeff, que não entendeu a derrota como vexatória.
— Em primeiro lugar, não acho que seja vexame. Vexame é quando a gente não se esforça, não se entrega em campo. O que aconteceu é que o Flamengo é superior ao Grêmio. Conseguimos neutralizá-los no primeiro tempo, tomamos um gol no finzinho e o flamengo conseguiu se impor no segundo tempo — disse o dirigente.
Mesmo assim, o discurso de melhor futebol do Brasil se manteve. Léo Moura destacou as últimas temporadas da equipe, que chegou à semifinal do torneio sul-americano em 2017, 2018 e 2019.
— A gente joga o melhor futebol do Brasil realmente. São três anos jogando assim, mas nem sempre as coisas saem como a gente planeja — lastimou o lateral.
Quanto a isso, o técnico português Jorge Jesus, do Flamengo, preferiu não colocar mais lenha na fogueira. Ele manteve a opinião e a classe ao responder sobre o tema:
— Não quero ser o dono da verdade. Cada pessoa e cada treinador têm sua opinião. Eu transmiti a minha opinião em função do resultado naquela altura do Flamengo estar em primeiro lugar no campeonato, e não mais do que isso. Não consigo perceber quem joga bem e não pode disputar um título de campeão brasileiro. Mas não é o fato de nós termos ganhando hoje (quarta-feira) de cinco do Grêmio que vou mudar minha opinião.
Em defesa de Renato, o volante Maicon disse que o técnico precisa acreditar que a equipe dele é, realmente, a melhor. Destacou, ainda, que perder não pode ser considerado normal:
— Derrota nunca é normal. Quem aceita a derrota, não pode jogar. Mas também não é o fim do mundo. Ficamos muito chateado, mas isso aqui é futebol. Você vai ter mais frustrações, porque são muitas equipes e só uma vai levar.
E foi justamente isso que aconteceu. Venceu quem foi melhor. Tal qual o River Plate, que superou o Boca Juniors com justiça no clássico argentino, o Flamengo dominou o Grêmio e será o representante brasileiro na final única da Libertadores, em Santiago, no dia 23 de novembro.