As três últimas temporadas foram de redenção para o Grêmio. Depois de conviver com uma década e meia sem títulos fora do Rio Grande do Sul, a partir de 2016 o clube retomou o caminho das conquistas em âmbito nacional e internacional. E quando se pensa nisso, fica impossível não associar ao nome de Renato Portaluppi, técnico que completa nesta quarta-feira (18) três anos ininterruptos à frente do Tricolor.
Ídolo desde os tempos de jogador, quando foi campeão da Libertadores e do Mundial de 1983, marcando os dois gols do título em Tóquio, contra o Hamburgo, Renato agigantou-se também como treinador. Ainda que já tivesse comandado o Grêmio em 2010 e 2013, as taças não vieram. Precisou retornar ao clube para sua terceira passagem há exatos três anos para entrar novamente na história tricolor.
Conquistou, no ano da chegada, a Copa do Brasil. Na temporada seguinte, a Libertadores, tornando-se o primeiro brasileiro campeão como jogador e treinador. Em 2018, vieram a Recopa Sul-Americana e o Gauchão — que não era vencido há oito anos. Neste ano, levantou as taças da Recopa Gaúcha e novamente do Estadual, desta vez invicto, algo que não ocorria desde 1965. Assim, somou seis títulos e recolocou o Grêmio no caminho das vitórias, tendo a chance de buscar mais uma grande conquista ainda nesta temporada. Também em 2019, virou estátua. O monumento inaugurado em março, na esplanada da Arena, simboliza o que ele representa para o torcedor gremista.
— O Renato foi um jogador excepcional. Era um grande atacante, goleado, vencedor. Ganhou títulos memoráveis. Ele é merecedor da estátua, dessa idolatria, pelo que fez como atleta e, agora, como treinador — afirma o diretor médico do Grêmio, Saul Berdichevski, que foi diretor de futebol em 1985 e 1986, quando Renato era jogador do Grêmio, e também nas conquistas de 2016 e 2017, como técnico.
Essa terceira passagem pelo clube também é marcada por revelar jogadores das categorias de base. Ainda que a maioria tenha tido pelo menos uma partida com outros técnicos, nomes como Arthur, Jailson e Pedro Rocha se firmaram com Renato. Além deles, Everton, Matheus Henrique e Jean Pyerre, que seguem no elenco gremista, também devem ao atual comandante a consolidação como atletas profissionais.
— Ele é um ídolo do clube, da torcida, um verdadeiro ícone da história do tricolor. Sempre vou ser grato, desde minha chegada ao profissional, pela lapidação que fez comigo, para que eu pudesse estar onde estou hoje. Desejo felicitações pelos três anos de clube dele, e muito mais conquistas aqui no Grêmio — disse Matheus Henrique.
Quando Renato retornou ao clube, três anos atrás, junto com ele apresentou-se Valdir Espinosa para o cargo de coordenador técnico. Seu treinador nos títulos de 1983, foi Espinosa quem deu início à história de Renato no Grêmio.
— Cheguei em 1980 como auxiliar técnico do Oberdan. Chamei o Verardi (Antônio Carlos, ex-dirigente) e disse para ele que tinha um cara que jogava muito lá em Bento Gonçalves, no Esportivo. Trouxemos ele para o Grêmio e isso me enche de orgulho, por todas essas conquistas — conta, além de ressaltar que não guarda nenhum tipo de mágoa pela saída do clube, em agosto de 2017:
— Nada de mágoa com qualquer pessoa que seja. O Renato também nem estava envolvido naquela situação. Tenho profundo respeito por todos no Grêmio.
Mas o início da trajetória de Renato como técnico do Tricolor gaúcho se dá em 2010, com o então presidente Duda Kroeff. Atual vice de futebol, foi Kroeff quem vislumbrou, naquele momento, o potencial do atual comandante gremista.
— O Silas tinha sido campeão gaúcho, mas não estava bem no Brasileirão. Senti que era hora de mudar e vi no Renato o nome ideal, porque achava ele talentoso. Conversei com amigos no Fluminense, onde ele teve boa passagem, consultei o Beto Guerra (então vice de futebol), ele concordou e foi ao Rio buscar o Renato — recorda o dirigente.
Anos passaram-se, Renato amadureceu, os títulos vieram e nem mesmo as traumáticas eliminações para o River Plate, nas semifinais da Libertadores de 2018, e para o Athletico-PR, nas semis da Copa do Brasil deste ano, diminuem o tamanho das glórias conquistadas nestes três anos. E, no que depender do clube, o treinador permanecerá por ainda mais tempo.
— Se quiser ficar no próximo ano, da minha parte, eu assino o contrato agora — disse o presidente Romildo Bolzan Júnior em entrevista recente.