A vitória diante do Atlético-MG no sábado (25) indicou uma provável troca no ataque do Grêmio: sai André, que perdeu um pênalti no fim do primeiro tempo, e entra Felipe Vizeu, que ingressou no intervalo e marcou o único gol da partida, com menos de dois minutos da etapa final.
Contra o Juventude, a partir das 21h30min desta quarta-feira (29), na Arena, no jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil (a ida foi 0 a 0, no Alfredo Jaconi), o centroavante titular deve ser o mais jovem, que está a menos tempo no clube e que ainda não teve uma sequência de jogos com a camisa tricolor. Desde que chegou a Porto Alegre, vindo por empréstimo da Udinese-ITA, Vizeu atuou 19 vezes e marcou três gols, mas esteve em campo apenas 703 minutos, o equivalente a 7,8 partidas.
Saiu jogando sete vezes, e em somente uma jogou durante os 90 minutos. Sua maior sequência foi de três partidas seguidas — no empate com o Brasil-Pel em 0 a 0, no dia 17 de fevereiro, na vitória por 2 a 0 sobre o Veranópolis, em 25 de fevereiro, e no empate em 1 a 1 com o Rosario Central, na estreia gremista na Libertadores, em 6 de março. Na ocasião, o atacante perdeu gols e, consequentemente, espaço na equipe titular.
Mas, após a primeira vitória do Grêmio no Campeonato Brasileiro, o técnico Renato Portaluppi deu o discurso de que não há titular definido para a função. Embora ambos estivessem há alguns jogos sem balançar as redes, o comandante ressaltou que tanto Vizeu quanto André têm condições de vestir o manto gremista.
— Deixo os dois muito tranquilos, passo confiança para eles. Lógico que é importante fazer gols, mas é ainda mais fundamental a entrega, ajudar a equipe. Sem dúvida alguma, se tratando de atacantes, o gol é importante para eles. Dá uma tranquilidade, mas é normal passar um tempo sem marcar — lembrou Renato.
Vizeu também falou, e fez questão de elogiar tanto o treinador quando o seu companheiro de ataque. Conforme o atleta, o técnico é um dos principais responsável pela sua evolução.
— Renato é um gênio. Ele sabe muito bem passar a confiança aos jogadores e, sem dúvida, isso faz muito diferença — disse, e acrescentou sobre a impaciência da torcida com André:
— Ele é um grande jogador, que pode decidir partidas para nós. Foi uma infelicidade o pênalti, mas faz parte do profissional. Ele me ajuda bastante. Antes de eu entrar em campo (no sábado), ele me desejou boa sorte e aquilo foi importante para eu entrar e fazer o gol.
Se fora de campo a dupla se ajuda, dentro dele é inegável que há uma disputa pela titularidade. Se recorrermos aos números nesta temporada, André tem cinco jogos e 915 minutos a mais do que Vizeu. Também supera o companheiro em assistências, desarmes e finalizações. Porém, em gols, eles estão empatados: três para cada.
Ao analisarmos as últimas três temporadas dos dois atletas, fica claro que André atuou mais (127 jogos a 73) e balançou mais as redes (36 gols ante 15 de Vizeu). No entanto, se fizermos a relação entre o tempo em campo e o gol marcado, Vizeu leva vantagem, com um gol a cada 216 minutos contra um gol a cada 262 minutos do camisa 90.
Na avaliação do técnico Rogério Micale, que convocou Vizeu para a seleção brasileira sub-20 em 2016, quando o centroavante atuava no Flamengo, ele se destaca pela presença de área e a boa finalização.
— Convoquei o Vizeu na época pela qualidade dele. É um nove, uma posição que temos uma carência grande. É um jogador em extinção. Não é um cara que joga parado, é inteligente e tem uma ótima finalização. Ele tem muito futuro, é jovem, mas para engrenar precisa de sequência e confiança — ressaltou Micale.
Outro ex-comandante de Vizeu, que trabalhou com ele tanto na base quanto nos profissionais do Flamengo, foi Zé Ricardo. Com o treinador, ele foi campeão e vice-artilheiro da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2016, com oito gols marcados.
— O Felipe é um menino que eu esperava que ficasse mais tempo na Itália, até porque lá se tem um jogo de força, que ele gosta. É um atleta que tem facilidade para jogar dentro e fora da área, finaliza bem com as duas pernas, de cabeça. O que ele precisava melhorar era jogar de costas, mas isso se aprende com o tempo — avaliou Zé Ricardo.
Com ele em campo na vaga de André, o técnico entende que o Grêmio terá um jogador mais posicionado na área. E ele levanta até mesmo uma outra possibilidade: por que não escalá-los juntos?
— Os dois são grandes jogadores. Gosto do André desde que ele atuava na base da Cabofriense. É um atleta que sabe fazer bem o pivô e tem senso de oportunismo. Já o Vizeu é mais de área, finalizador. Mas penso que eles podem jogar até juntos, talvez não para começar um jogo, mas no decorrer, porque eles têm características que se complementam — argumenta.
Na partida desta noite, apenas um deve jogar. A tendência é de que seja Vizeu, pelo gol marcado e pela má fase de André, que está em baixa com a torcida. Assim, o jogo não será de mata-mata apenas para Grêmio e Juventude, como também para o centroavante que estiver em campo, que terá a missão de provar a Renato e aos torcedores que merece a titularidade.
Números do Vizeu
2019
PELO GRÊMIO
- 19 jogos
- 703 minutos
- 3 gols
- 1 assistência
- 15 finalizações (4 certas)
2018/2019
PELA UDINESE-ITA
- 5 jogos
- 28 minutos
- 0 gol
- 0 assistência
PELO FLAMENGO
- 11 jogos
- 464 minutos
- 3 gols
- 0 assistência
2017
PELO FLAMENGO
- 38 jogos
- 2049 minutos
- 9 gols
- 2 assistências
Total nas três últimas temporadas
- 73 jogos
- 3244 minutos
- 15 gols
- Um gol a cada 216 minutos
- 3 assistências
Números do André
2019
PELO GRÊMIO
- 24 jogos
- 1618 minutos
- 3 gols
- 6 assistências
- 30 finalizações (14 certas)
2018
PELO GRÊMIO
- 29 jogos
- 1758 minutos
- 4 gols
- 0 assistência
PELO SPORT
- 4 jogos
- 315 minutos
- 2 gols
- 0 assistência
2017
PELO SPORT
- 67 jogos
- 5662 minutos
- 27 gols
- 2 assistências
PELO SPORTING-POR
- 3 jogos
- 105 minutos
- 0 gols
- 0 assistência
Total nas três últimas temporadas
- 127 jogos
- 9458 minutos
- 36 gols
- Um gol a cada 262 minutos
- 8 assistências