
"Seremos o maior clube brasileiro, sul-americano e mundial". Com essa projeção ousada, Romildo Bolzan começou, em outubro de 2014, sua trajetória como presidente do Grêmio. O mandato iniciado em janeiro do ano seguinte foi prolongado em 2016, com a reeleição. Agora, perto de completar cinco anos como dirigente maior do clube, o gaúcho de Osório, de 59 anos, tem a chance de seguir à frente do Tricolor.
Em 26 de março deste ano, o Conselho Deliberativo do Grêmio aprovou a inclusão de uma nova regra no estatuto do clube, abrindo espaço para uma nova candidatura de Romildo à presidência do clube. Já neste sábado (4), a maioria dos associados votou "sim" para confirmar a mudança. Com isso, o atual mandatário tem a possibilidade de permanecer no comando gremista até dezembro de 2022.
A passagem de Romildo Bolzan é marcada pela mudança de panorama do Grêmio. Quando iniciou seu mandato, o clube ainda vivia o jejum de títulos e passava por graves problemas financeiros. Agora, além da melhora na parte monetária, a equipe alcançou resultados expressivos dentro de campo, com as conquistas da Copa do Brasil 2016, Libertadores 2017 e Recopa Sul-Americana 2018. Foram ainda dois títulos gaúchos, em 2018 e 2019.
Assim que assumiu a presidência, em 2015, Romildo adotou a ideia de contenção de gastos. Por isso, negociou os medalhões Barcos e Marcelo Moreno, ambos para o futebol chinês, na intenção de enxugar a folha salarial. Na metade do ano, o zagueiro Rhodolfo, então capitão do time, foi vendido para o Besiktas, da Turquia.
A equipe passou a temporada sem títulos, mas o bom desempenho no Brasileirão sob o comando de Roger Machado garantiu ao time uma vaga na Libertadores. Assim, em 2016, um grande investimento foi realizado. Com ajuda do empresário Celso Rigo, foi buscar no Emelec o meia-atacante Miller Bolaños por U$ 5 milhões (cerca de R$ 20 milhões na cotação da época), sendo a contratação mais cara da história do Grêmio.
Frustração, troca de técnico e reeleição
O primeiro semestre foi de decepção com as eliminações no Gauchão para o Juventude nas semifinais, e na Libertadores, para o Rosario Central, nas oitavas. No meio do ano, o meia Giuliano foi negociado ao Zenit-RUS por 7 milhões de euros (cerca de R$ 25 milhões).
No Brasileirão, o modesto retrospecto fez o técnico Roger pedir demissão após a 26ª rodada. Na época, o próprio Romildo comunicou a decisão. O escolhido para assumir a casamata foi o ídolo Renato Portaluppi, que há dois anos não comandava uma equipe.
A partir daí, a parceira Romildo-Renato começou a decolar. Primeiramente, com o título da Copa do Brasil e o fim da seca de 15 anos. Durante a trajetória para a conquista nacional, o presidente foi reeleito para um novo mandato, agora de três anos.
O ano de 2016 ainda registrou uma considerável evolução financeira. O endividamento foi reduzido, a receita total deu um salto de R$ 192 milhões para R$ 330 milhões e o clube ainda saiu de um déficit de R$ 37 milhões para um superávit de R$ 35 milhões.
Sequência de títulos e melhorias financeiras
Em 2017, o segundo mandato de Romildo começou com a venda de Walace. O volante foi cedido ao Hamburgo, da Alemanha, por 6 milhões de euros (R$ 20,2 milhões na cotação da época). No meio da temporada, Pedro Rocha rendeu ao clube 12 milhões de euros (R$ 45 mi), pagos pelos russos do Spartak Moscou.
O elenco para a Libertadores foi reforçado com negócios oportunos, como Lucas Barrios, que tinha salário pago em conjunto com o Palmeiras, e Fernandinho, que retornara de empréstimo do Flamengo. Mais tarde, Cícero, sem espaço no São Paulo, foi outro a chegar sem custos à Arena.
As quedas para o Novo Hamburgo nas semifinais do Gauchão e para o Cruzeiro, também nas semifinais, adiando com a chance do hexa da Copa do Brasil, chatearam o torcedores. Porém, a compensação veio com o sonhado tri da Libertadores, coroado pelas joias do clube Arthur, craque da final contra o Lanús, e Luan, eleito Rei da América.
Logo no início do ano seguinte, mais uma taça para a galeria. A conquista da Recopa nos pênaltis contra o Independiente firmou o Grêmio no topo do continente. Meses depois, a volta da hegemonia no Rio Grande do Sul. Eliminando o rival Inter nas quartas, o time de Renato derrotou o Brasil-Pel na final e voltou a conquistar o Estadual após oito anos.
Antes mesmo do título gaúcho, em março, Romildo Bolzan selou a maior venda da história do clube: Arthur fechou com o Barcelona por 30 milhões de euros (R$ 120 milhões), e se apresentou ao time catalão em julho. Pelas cláusulas de produtividade, o jogador rende cifras ao Tricolor até hoje. Ainda na metade da temporada no Brasil, o volante Jailson também foi negociado, por 4 milhões de euros (R$ 19 milhões) ao turco Fenerbahçe.
Superavitário, o Grêmio apresentou o valor recorde de R$ 53 milhões de resultado operacional em 2018. Além disso, subiu para R$ 420 milhões a receita total, sendo 50 a mais que no ano anterior. Somado aos títulos, o sucesso de gestão de Romildo estava confirmado.
Neste ano, a mais recente transferência foi do jovem Tetê junto ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, por 10 milhões de euros (R$ 43 milhões).
Agora, Romildo Bolzan se prepara para mais uma candidatura. O estatuto foi modificado, e seu mandato pode ser ampliado por mais três anos.