Iniciando seu quinto ano à frente da presidência do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior caracterizou sua gestão por títulos, mas também pelo equilíbrio financeiro. Com a saída de Tetê para o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, a atual diretoria chegou a sua 14ª venda, uma média de um jogador a cada três meses e meio. Foram R$ 311,3 milhões, negociando jovens revelados nas categorias de base ou valorizando atletas mais experientes. Mas, se hoje o clube está próximo de alcançar seu equilíbrio financeiro, o início foi bem complicado.
Romildo assumiu o cargo em 2015 prometendo quitar dívidas e manter os salários em dia. Por isso, nos dois primeiros meses de gestão, se desfez de jogadores importantes. O primeiro deles foi o então capitão Barcos, que aceitou ir para o futebol chinês para desafogar a folha salarial do Grêmio. A transação era de US$ 3 milhões, mas só U$ 1 milhão (cerca de R$ 2,6 milhões na cotação da época) entrou nos cofres gremistas, já que o argentino tinha cerca de US$ 1 milhão a receber em salários, luvas e premiações em atraso. A outra parte acabou com empresários e comissões. O mesmo destino teve Marcelo Moreno. Detentor de 55% dos direitos do atacante boliviano, o Tricolor recebeu US$ 1,5 milhão (R$ 4,25 milhões) da quantia total. Porém, usou o valor para quitar uma dívida com o Shakhtar Donetsk, referente ainda da compra do mesmo jogador em 2011.
— O Grêmio encerrou o ciclo desses atletas de uma forma que lhe possibilitou quitar dívidas e adiantar valores para atletas e isso foi importante para nós — explicou o diretor executivo à época, Rui Costa, que ainda seria obrigado a se desfazer do zagueiro Rhodolfo, assediado pelo Besiktas-TUR, na metade daquele ano.
Classificado para a Libertadores de 2016, o Grêmio prometia segurar o plantel e fazer uma "extravagância". Assim, trouxe o atacante Miller Bolaños. Porém, com a eliminação para o Rosario Central, acabou liberando o meia Giuliano para o Zenit-RUS por R$ 25 milhões. Ao final da temporada, ainda recebeu mais R$ 500 mil quando o São Paulo exerceu o direito de compra do lateral-esquerdo Júnior Tavares.
Com o título da Copa do Brasil, era até natural que os jogadores tricolores se valorizassem no mercado. Assim aconteceu com o volante Walace. A direção tentou segurá-lo, mas a vontade do atleta pesou na hora de aceitar a proposta do Hamburgo ainda em janeiro de 2017. Meses depois, em meio a Libertadores, foi a vez de Luan entrar na mira do futebol russo. Com a recusa do camisa 7, Pedro Rocha virou a bola da vez: acabou negociado por R$ 45 milhões.
O tricampeonato da Libertadores veio e os atletas do time de Renato ficaram ainda mais em evidência. Na última temporada, Arthur representou a maior venda da história do clube gaúcho — vendido por R$ 120 milhões ao Barcelona. Em menor proporção, mas igualmente dando lucro, Jailson seguiu para o Fenerbahçe-TUR e Bolaños para o Tijuana-MEX. Mas nem todas as vendas foram para o Exterior. O lateral Edílson, por exemplo, pediu para ir ao Cruzeiro no início de 2018. O Grêmio bateu o martelo: ganhou R$ 3 milhões e ainda envolveu a vinda Alisson e Thonny Anderson em troca.
Por fim, 2019 trouxe mais duas baixas no time titular, que deixaram dinheiro nos cofres: R$ 11 milhões dos árabes por Marcelo Grohe e quase R$ 2 milhões dos japoneses por Jael.
As vendas do Grêmio na gestão Romildo Bolzan:
2015
Barcos - Tianjin Teda: US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,6 milhões)
Marcelo Moreno - Changchun Yatai: US$ 1,5 milhão (R$ 4,25 milhões)
Rhodolfo - Besiktas: cerca de 1,5 milhão de euros (mais de R$ 5 milhões)
2016
Giuliano - Zenit: 7 milhões de euros (R$ 25 milhões)
Júnior Tavares - São Paulo: R$ 500 mil
2017
Walace - Hamburgo: 6 milhões de euros (R$ 20,2 milhões)
Pedro Rocha - Spartak Moscou: 12 milhões de euros (cerca de R$ 45 milhões)
2018
Edilson - Cruzeiro: R$ 3 milhões
Arthur - Barcelona: 30 milhões de euros (R$ 120 milhões)
Bolaños - Tijuana: US$ 2,5 milhões (R$ 9,25 milhões)
Jailson - Fenerbahçe: 4 milhões de euros (cerca de R$ 20 milhões)
Marcelo Grohe - Al-Ittihad: US$ 3 milhões (R$ 11,6 milhões)
2019
Jael - FC Tokyo: US$ 500 mil (cerca de R$ 1,9 milhão)
Tetê - Shakhtar Donetsk: 10 milhões de euros (cerca de R$ 43 milhões)