Os números e os personagens de peso no cenário mundial que envolvem a venda de Tetê impressionam por ele sequer ter estreado no elenco principal do Grêmio. Que tal destrinchar esse negócio?
Há anos, o Shakhtar gasta fortunas contratando jogadores brasileiros e, depois, lucrando com eles ao repassá-los para os tubarões da Europa. Foi assim com os atacantes Douglas Costa e Luiz Adriano, por exemplo.
O agente que encaminhou a proposta dos ucranianos para Tetê é um dos mais poderosos do mundo: o argelino Franck Henouda. Foi ele, com o técnico romeno Mircea Lucescu, que fez do Shakhtar um conclave brasileiro no Leste Europeu.
Contando o meia Marcos Bahia, também da seleção sub-20, anunciado na semana passada, são 12 brasileiros nesta temporada. Trata-se de uma legião. Tirando um nigeriano, todos os atacantes do grupo do Shakhtar são verde-amarelos.
Franck Henouda, que subscreve a proposta para Tetê em nome dos ucracianos, é ligado a Kia Joorabchian, o iraniano que investiu milhões no Corinthians nos anos 2000. Envolvido em denúncias, Kia deixou o Brasil. Mora em Londres. Segue um dos empresários mais influentes do planeta, agenciando jogadores do nível de Phillippe Coutinho.
Kia é bem relacionado. É amigo de Ronaldo Nazario e do presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Tentou comprar o Southampton, para se ter ideia do cacife. O primeiro grande negócio de Henouda foi a transferência de Taffarel para o Galatasaray, em 1998. Além desses personagens fortes, há os valores incríveis para Tetê, desde já milionário, aos 19 anos. Vamos a eles.
Além dos 10 milhões de euros (R$ 42 milhões) à vista por 45% dos direitos que o Grêmio receberá, mantendo 15% de futura venda (sem contar o Mecanismo de Solidariedade da Fifa), os valores para o jogador garantem a vida dele e da família por algumas gerações.
O salário já virou público: 120 mil euros mensais (cerca de R$ 500 mil) por cinco anos. Detalhe: salário líquido. Não é só isso. Tem mais.
Tetê receberá luvas de 500 mil euros. São R$ 2,1 milhões no instante da assinatura do contrato para receber quando seu nome sair no "BID" lá da Ucrânia. Uma semana, duas no máximo, e o dinheiro estará na mão.
O contrato com o Shakhtar lhe garante quatro passagens de ida e volta ao Brasil por ano e aluguel pago pelo clube. De quebra, bônus coletivos e individuais para além do salário. Com valores assim, é mesmo complicado para o jogador dizer não. E também o Grêmio, se tem peças de reposição e confia na rotina de formação que as categorias de base vem proporcionando.