A derrota para o Flamengo no Maracanã coloca o Grêmio na possibilidade de sair do G-4 caso o São Paulo pontue contra o Vasco da Gama nesta quinta-feira (22). Claro que o Tricolor já está classificado para a Libertadores 2019, mas a vantagem real seria terminar entre os quatro primeiros, para garantir lugar direto na fase de grupos.
Mas para isso será necessário que o futebol apresentado pelo time retome o nível de qualidade que caracterizou a equipe de Renato. O nível que caiu muito nas últimas partidas, desde a vitória contra o River Plate, em Buenos Aires, no dia 23 de outubro. E não estou falando apenas dos resultados, mas do desempenho.
Contra o Flamengo, foi repetida a plataforma 4-2-3-1 com Matheus e Michel fazendo a segunda linha e Jean Pyerre centralizado na frente. A ausência de Kannemann e Luan foi sentida, seja pela substituição de Marcelo Oliveira (sempre insuficiente), ou pela falta da chamada "movimentação entrelinhas" que Luan proporciona.
O Grêmio terminou jogando sem amplitude, pois Ramiro e Everton fecharam demais pelo meio, tentando fazer o jogo entrelinha que Luan faria, ou fazendo uma recomposição defensiva natural, que Ramiro tem feito em praticamente todos os jogos. Jael (e depois André) deu um pouco de profundidade, mas sem eficácia.
Mais posse de bola e menos chances claras de gol
De olho nos gráficos que mostram a posse, as finalizações (remates) e os desafios do jogo, vemos que após o primeiro gol do Flamengo, o Tricolor dominou a bola, chegando a 72% de posse. Neste período, foram 10 finalizações contra oito do Flamengo. Mas a sua grande maioria, de fora da área.
Outro fator importante na organização defensiva é a perda de intensidade e na falta de pressão no campo do adversário, buscando roubar a bola. Se contra o River essa estratégia deu certo no primeiro jogo, mostrou-se errada dali para frente. E o Grêmio não conseguiu mais ser agressivo defensivamente.
E se, depois do gol do Flamengo, o Grêmio ganhou a maioria dos desafios (55%), estes não foram em zonas que gerassem perigo ao rubro-negro. O Tricolor conseguiu roubar apenas uma bola no último terço flamenguista. Muito pouco.
Dentro da perspectiva de estar perdendo o modelo de jogo que o consagrou, o Grêmio conseguiu apenas três finalizações originadas em jogadas coletivas, os chamados "ataques posicionais". Dessas, apenas uma foi a gol, com Everton, aos 15 minutos do segundo tempo.
É sabido que Maicon e Luan são a alma desse jogo de passes curtos, de criação de chances através da posse, e sem eles o Grêmio perde bastante. Mas não pode perder tanto assim as suas características.
Léo Gomes destaque positivo
Segundo o índice InStat, que mede todas as ações de um jogador em campo, o lateral direito Léo Gomes foi o melhor jogador gremista em campo. Participativo, apareceu muitas vezes pelo corredor central como interno, se colocando à frente de Jean Pyerre como opção de passe.
Trocou 23 passes com Ramiro e 15 com Michel, e venceu todos os cinco desafios individuais contra Diego Ribas. Certamente é um dos "reforços" confirmados para a temporada de 2019 e pode ainda evoluir muito dentro do time.
A realidade é que há futebol no Grêmio para recuperar seu modelo de jogo e ter resultados positivos com um bom desempenho. Este time de Renato Portaluppi não precisa provar nada a ninguém. Mas há uma curva descendente muito forte que precisa ser freada para que este final de ano seja de alegria e satisfação para os gremistas.
Todas as estatísticas e gráficos são fornecidas pelo InStat Football, a maior plataforma de estatísticas de futebol do mundo. Parceiro exclusivo do Esquemão e GaúchaZH.