O Grêmio viverá um domingo decisivo. Contra o Corinthians, às 17h, vencer será fundamental para que a equipe possa confirmar, sem sustos, uma vaga no G-4 do Brasileirão e a classificação direta à fase de grupos da Libertadores. Também será dia de reverenciar Renato Portaluppi. Ao menos 34 mil torcedores estarão na Arena para para homenagear o técnico que renovou contrato até o final de 2019.
Após garantir sua permanência, o treinador concedeu concorrida entrevista ao final da tarde de sexta-feira.
O que, na verdade, trata-se de uma prática incomum, já que Renato raramente fala antes das partidas. Desta vez, contudo, a mudança teve um motivo especial.
— Além de estar com saudade de vocês (jornalistas), no domingo o jogo termina às 19h e meu voo (para o Rio) é às 20h. De repente, vou dar um depoimento (após a partida). Hoje (sexta), estou com todo o tempo do mundo. Então, aproveitem. Se alguém for amigo do piloto e pedir para o avião esperar, aí posso responder mais perguntas — brincou um sorridente Renato.
A seu jeito, o técnico não fugiu de nenhum questionamento na entrevista. Principalmente dos que tratavam de sua negociação com o Flamengo. E garantiu que, mesmo com a decisão de ficar no Grêmio, seu desejo de treinar a equipe carioca no futuro segue intacto.
— Não foi dessa vez, mas o sonho continua. Tem muito tempo para ser realizado. Preferi permanecer pela conversa que sempre tive com o presidente (Romildo Bolzan), por dirigir um grupo maravilhoso e vencedor. Ainda tenho muito a conquistar aqui no Grêmio, tenho certeza que novos títulos virão. São dois anos e três meses em que vivemos lua de mel com a torcida — explicou Renato, salientando que não ficou chateado com as informações da imprensa carioca que davam como certo seu acerto com o Flamengo.
Ainda na sexta-feira, uma reunião de Renato e seu auxiliar Alexandre Mendes junto ao departamento de futebol e o CEO Carlos Amodeo começou a traçar o planejamento para a próxima temporada. Um dos principais pontos discutidos foi uma lista de reforços entregue pelo treinador aos dirigentes. A partir de agora, o executivo André Zanotta tentará buscará contratações em nível de titularidade que, segundo o presidente Romildo Bolzan, serão de quatro a cinco jogadores.
— Falamos de alguns nomes interessantes, queremos qualificar nosso grupo. Para isso, precisamos de ainda mais qualidade. Aí sim poderemos brigar por grandes competições no ano que vem. Vamos buscar jogadores escolhidos a dedo, para chegar e colocar a camisa do Grêmio — disse Renato, que evitou falar nos nomes que serão procurados para não inflacionar as negociações.
O técnico também falou sobre três atletas que ainda têm contrato por encerrar neste fim de ano, casos dos veteranos Léo Moura, Cícero e Douglas. Este último, inclusive, já abriu negociações com o Vasco para a próxima temporada e pode fazer sua despedida no domingo. Mas Renato mantém portas abertas para todos e diz que as renovações vão depender das conversas de seus empresários com a direção.
— Eles nunca estiveram fora da nossa lista. Mas não sou procurador desses jogadores e não sei qual é o pensamento deles — afirmou.
Ao realizar uma avaliação da temporada do Grêmio, Renato diz que sua equipe teve "um ano maravilhoso". Destacou as conquistas da Recopa e do Gauchão e disse que o tetra da Libertadores não veio por "culpa da arbitragem".
— Vou ser sincero, não faria absolutamente nada diferente. Mas se algum dia chegar ordem de cima para priorizar algum campeonato, vou seguir. Enquanto o presidente me dá o poder de tomar as decisões, vou pelo o que é melhor para o clube. Quando conquistamos a Libertadores, ninguém reclamou. Sou empregado do clube e pago para obedecer. E obedece quem tem juízo — comentou.
Ao sustentar que "o Grêmio é um cavalo árabe", expressão utilizada por ele próprio após a classificação nas oitavas de final da Libertadores sobre o Atlético Tucumán, Renato diz que a equipe se saiu bem em "todas as corridas". O treinador também destaca que seu time depende somente de si para garantir o G-4.
— Conseguindo esta vaga, adiantamos muito o planejamento. Se não, teremos de atropelar as coisas. Já é difícil pela pré-temporada que a gente tem. Também entraríamos direto nas oitavas da Copa do Brasil. Tudo é lucro para a gente — interpreta o técnico, que terá todos os holofotes voltados para si no domingo.