Sem o peso de três competições simultâneas, após a eliminação na Copa do Brasil, o Grêmio passa a valorizar ainda mais o Brasileirão. Pelos discursos no vestiário do Itaquerão após a vitória por 1 a 0 contra o Corinthians, no sábado (18), ficou claro que a competição, vencida pela última vez em 1996, entra na mesma ordem de importância da Libertadores.
A preocupação é tanta que, nesta segunda-feira (20), durante reunião na sede da Conmebol, no Paraguai, a direção pedirá que os clubes com jogadores convocados por Tite para dois amistosos da Seleção Brasileira não disputem a 23ª e a 24ª rodada. Sem Everton e Kannemann, este chamado pela seleção argentina, o Grêmio enfrentará nessas rodadas Santos e Inter.
— No caso do Grêmio, passaremos a ter uma data livre, que seria a da Copa do Brasil. Temos que olhar a qualquer preço o equilíbrio técnico do campeonato. Não pode haver prejuízo —disse o presidente Romildo Bolzan Júnior, que irá a Assunção.
Um esboço do que será solicitado na Conmebol pelo Grêmio e outros clubes com jogadores convocados já foi apresentado no sábado por Bolzan a Walter Feldman, secretário-geral da CBF.
— Disse a ele que não queremos criar problemas. Mas vamos colocar na mesa que é preciso não haver prejuízo aos ganhos desportivos dos clubes — completou o dirigente.
Para Bolzan, a discussão vai além das duas rodadas. Fazendo eco às frequentes reclamações de Renato Portaluppi, Bolzan reclamou do formato do calendário brasileiro, que sobrepõe competições de igual relevância para os participantes. Para ele, a discussão deve envolver federações, CBF e Sul-Americana.
— Que todos sentem para estabelecer um calendário que não seja constrangedor para os clubes — prega.
Empolgado com a vitória sobre o Corinthians, Renato assegurou que o Grêmio jamais havia desistido do Brasileirão. Ele valorizou o fato de seu time ter obtido três pontos poucos dias depois de ter sido eliminado da Copa do Brasil, o que, a seu ver, confirma a qualidade do Grêmio.
— Nossa exibição foi de gala em todos os sentidos. Por isso falo que meu grupo joga o melhor futebol do Brasil. Não vou falar para que os outros clubes se cuidem. Mas que tem mais um grande na briga, posso falar. Agora, sempre teremos um tempinho a mais para descansar o grupo. Inter e São Paulo, por exemplo, jogam apenas uma vez por semana — observou.
Indagado sobre se teria sido um erro preservar titulares em alguns dos jogos do Brasileirão, Renato respondeu que, em futebol, ganha-se de um lado e perde-se do outro. Argumentou que, se usasse sempre força máxima, talvez seu time não estivesse nas quartas de final da Copa do Brasil e oitavas da Libertadores. Disse, também, que as tomadas de decisão são sempre coletivas. Por fim, brincou:
— Sempre existe o se. Se meu pai não saísse com minha mãe, eu não estaria aqui.