O Grêmio voltará em breve à mesa de negociações para a aquisição da gestão da Arena. O clube somente aguarda acordo da empreiteira OAS com o Ministério Público e a prefeitura sobre as obras no entorno do complexo, que deve ser assinado em 90 dias. Este fato será determinante para a concretização da compra da operação do estádio.
A chancela do poder público dará nova vida ao negócio. Desde abril de 2017, o Grêmio deixou de ter protagonismo nas conversas com a OAS e seus parceiros. Por intermédio do presidente Romildo Bolzan, o clube anunciou que se retiraria do processo. Mas, na prática, foi um movimento de recuo estratégico para fazer com que as outras partes pudessem se alinhar.
— Nunca deixamos de ter esta questão no horizonte, mas ficamos só observando. Se esta etapa for superada, poderemos avançar no restante. No momento, não depende do Grêmio impulsionar o processo. Só após a resolução da questão do entorno nós avançaremos no segundo passo, que é a discussão com os bancos — observa Bolzan.
No último ano, a liderança nas conversas com MP e prefeitura foi da empresa Karagounis Participações, que assumirá as obrigações das obras do entorno da Arena no lugar da OAS para explorar a área do Olímpico com torres residenciais e comerciais. Passa também pela Karagounis a resolução do modelo financeiro da negociação da compra da gestão da Arena.
A empresa obteve o apoio de um fundo de investimentos parceiro, que comprará a dívida de R$ 140 milhões, em valores atualizados, que a OAS tem junto a Banco do Brasil, Banrisul, Bradesco e Santander pelo financiamento tomado junto ao BNDES para a construção do estádio. Isso fará com que a gestão da Arena, dada pela OAS aos bancos como garantia para a obtenção do crédito, seja desonerada e repassada ao Grêmio.
O clube, por sua vez, entregará a área do estádio Olímpico à Karagounis e pagará R$ 1,5 milhão mensais durante 12 anos ao fundo - mesmo valor que desembolsa atualmente para acomodar seus sócios no estádio. Em função disso, o Grêmio daria os valores de direitos de TV que tem a receber da Globo como garantia ao parceiro da Karagounis para assumir a operação da Arena.
— Este é o momento de maior otimismo entre todos. Finalizando o acordo sobre o entorno, o caminho estará pavimentado para que o Grêmio compre a gestão da Arena e libere o Olímpico — explica uma fonte ligada à OAS ouvida por ZH que prefere não se identificar.
Sem novos entraves, a mesma fonte projeta que o acordo entre Grêmio, OAS, bancos e Karagounis possa ser concretizado nos primeiros meses de 2019, antes do término da segunda gestão de Romildo Bolzan à frente do clube. Após ganhar títulos de expressão em sequência nos últimos anos, a conclusão desta operação seria um de seus grandes feitos como presidente.
— Isso é tão importante para o clube, que poderá fazer seu plano de negócios e ter novas receitas, e tão significativo para a torcida, que a compra da operação teria o mesmo efeito da conquista de um campeonato importante. A aquisição da gestão nos daria o mesmo sentimento de ganhar um Brasileirão ou uma Libertadores. Vejo com a mesma dimensão — avalia Bolzan.