Ao pisar no gramado do Beira-Rio no domingo, Marcelo Grohe carregará a responsabilidade de ser a maior referência do grupo do Grêmio em Gre-Nais.
Em seu 26º clássico, o goleiro que ganhou fama em toda a América com uma defesa histórica contra o Barcelona-EQU, pavimentando o caminho do tri da Libertadores, atingiu um novo patamar na carreira.
Talvez no longínquo 1º de abril de 2006, quando fez sua primeira partida como titular logo em um Gre-Nal de final de Gauchão, Grohe não imaginava que chegaria tão longe. Naquela época, apenas com 19 anos, o goleiro encarou um batismo de fogo. Contra um Inter que conquistaria o Mundo naquele ano, tinha a missão de parar um ataque formado por Iarley e Fernandão.
O gosto do primeiro Gre-Nal como profissional foi saboreado por Grohe no gramado do Olímpico, com estádio lotado. Valendo taça, o clássico foi pegado, repleto de faltas duras e sem gols. Muito por conta do goleiro gremista. Afinal, ele foi o responsável por defender uma cabeçada à queima roupa de Fernandão, garantindo o 0 a 0 que seria decisivo para a conquista do título. Preparador de Grohe à época, Francisco Cersósimo, hoje no Atlético-MG, recorda que a preparação do goleiro foi importante para uma boa estreia no clássico.
— Ele se manteve tranquilo, executando sua rotina de treinos. Falei para ele não mudar nada, que era mais um jogo. Ele se preparou muito bem na semana, demos confiança a ele. O Mano Menezes deixou ele à vontade. Embora tivesse pouca idade, era muito respeitado no grupo — conta Cersósimo.
A chance, à época, só surgiu para Grohe por conta de uma lesão do titular Galatto. No jogo anterior ao final, contra o Veranópolis, o goleiro chocou-se com um jogador adversário e caiu desacordado no gramado. A situação foi tão preocupante que o jogador teve de ser levado de ambulância ao hospital. Mas, nos Gre-Nais decisivos, Galatto fez questão de prestar apoio ao amigo Grohe.
— O choque ocorreu em um domingo e tive de ficar no hospital até quarta-feira. Mas no dia do Gre-Nal fiz questão de ir no vestiário falar com o Grohe. Ele estava preparado, vinha treinando em alto nível. Claro que quando é o primeiro Gre-Nal você fica ansioso. Mas depois que começa, o foco é completo na partida — explica Galatto.
Passados quase 12 anos desde sua estreia em Gre-Nais, Grohe transformou-se em ídolo da torcida. Depois de idas e vindas entre o banco de reservas e o campo, o goleiro se firmou como titular em 2014 e não largou mais a camisa 1. Teve contribuição decisiva nos três títulos conquistados pelo Grêmio nos últimos anos: o penta da Copa do Brasil, o tri da Libertadores e o bi da Recopa. O segredo do sucesso de Grohe, segundo Cersósimo, foi a disciplina.
— O Marcelo sempre foi um goleiro muito talento e técnica. Um garoto centrado e comprometido com sua profissão desde jovem. Procurava escolher a melhor luva, a melhor chuteira e observava muito o exemplo dos mais velhos. Ele se destaca por sua serenidade — define o preparador.
Multicampeão e ídolo da torcida, Marcelo Grohe é o senhor Gre-Nal do Grêmio neste clássico 413.