Durante pouco mais de um ano, Grêmio e Inter ficaram sem se enfrentar. Isso talvez explique a gana com que as duas equipes entraram em campo no clássico de domingo (11), no Beira-Rio, no encerramento do primeiro turno do Gauchão. Os nervos estavam tão alterados que o primeiro bate-boca explodiu antes mesmo que a bola rolasse. O surpreendente é que o conflito envolveu quem mais deveria manter o equilíbrio. Diante de um perplexo Jean Pierre Lima, os capitães, Maicon e D'Alessandro tiveram uma surpreendente discussão, cujos motivos só foram esclarecidos através de leitura labial.
O episódio gera incertezas sobre o que pode acontecer nos dois clássicos seguintes, dos quais apenas um dos times restará vivo no Gauchão. Como será o comportamento disciplinar dentro de campo?
Zero Hora ouviu antigos capitães gremistas, jogadores que mereceram a braçadeira em momentos de glória do clube, como a Libertadores de 1995 e a Copa do Brasil de 2001, entre outros. Houve, de parte deles, unanimidade em condenar o gesto de Maicon e D'Alessandro. E a concordância de que os dois jogadores envolvidos no conflito devem aos torcedores um gesto superior de diplomacia, algo que colabore para a preservação do espírito de boa convivência que deve unir gremistas e colorados.
Adilson Batista
Um capitão é o representante de seu cube. Não pode entrar na pilha do adversário, tem que dar o exemplo. Por mais que você receba ofensas ou seja alvo de alguma brincadeira, tem que ter uma postura sóbria. Eu não teria uma atitude como aquela que tiveram Maicon e D'Alessandro. Para começar, houve falta de respeito com a arbitragem. Dentro de campo, acredito que o Grêmio, atualmente, é melhor e por isso é favorito. Estou falando com profissional, não como gremista. No clássico de domingo, dominou o primeiro tempo e o Inter deu uma melhorada no segundo.
Dinho
A primeira coisa que um capitão precisa ter é o respeito de seus companheiros, para ter a liberdade de representá-los. Depois, é preciso ter uma postura de líder dentro de campo. É nele que o treinador deposita toda a sua confiança, é o capitão quem o representa dentro de campo. É preciso, também, contar com o respeito do árbitro e dos torcedores, passar a eles a confiança de que seu time está bem representado. Há capitães que, às vezes, só botam a braçadeira e observam o sorteio da moeda. Não sei bem o que aconteceu entre Maicon e D'Alessandro. Só sei que nunca tinha visto algo parecido em toda a minha vida no esporte. Quem sabe neste domingo eles tenham oura postura e passem mais tranquilidade para as duas torcidas?
Zinho
De longe, não sei exatamente o que aconteceu no primeiro Gre-Nal. Apenas ouço versões. Mas acho que Maicon e D'Alessandro deveriam se cumprimentar antes do Gre-Nal deste domingo. Deveriam deixar as diferenças de lado e dar um bom exemplo para a arquibancada. Assim devem agir os capitães de uma equipe.
Normalmente, um capitão é escolhido pelo tempo de serviço prestado, por seu currículo, pelos títulos que conquistou, por sua imagem dentro do futebol. Precisa se expressar bem, ter boa liderança e influência sobre os companheiros. Se conseguir unir liderança técnica, imagem e saber se expressar, teremos aí o capitão perfeito. Precisa ser alguém que seja respeitado também pelo juiz e pelos próprios adversários. Alguém com liderança para representar o grupo junto à diretoria ou mesmo junto ao treinador.
Mauro Galvão
Uma briga antes do jogo é algo que não pega bem. Os dois devem visto o que aconteceu e concluído que não foi legal o que fizeram. Toda aquele clima gerou uma animosidade em todos, o que é perigoso. O Gre-Nal já tem rivalidade suficiente. não precisava desse ingrediente. Tecnicamente, acho que o Grêmio leva vantagem. Tem um time jogando há mais tempo junto, teve algumas mudanças, mas elas foram pontuais, cada jogador conhece a forma do outro jogar. O Inter está melhorando em relação ao ano passado, mas ainda precisa de alguns retoques. Mas é apenas teoria. Às vezes, a rivalidade faz tudo ficar em segundo plano e ganha quem tem mais vontade.