Uma guerra travada em várias batalhas, como é o caso de uma Libertadores da América, tem sua vitória forjada a ferro e fogo por diversos heróis. Seria injusto concentrarmos em um só homem os créditos para o título maiúsculo, heroico e inesquecível que o Grêmio nos proporcionou nesta noite de 29 de novembro de 2017, em um ambiente hostil, acre e peleado, como aliás certamente haveria de ser em uma final de Copa Libertadores. Nossos heróis foram muitos, mas nenhum outro líder deste movimento vitorioso foi tão importante quanto Romildo Bolzan Jr, o arquiteto do novo Grêmio. Nem mesmo Renato, que sabe tudo de futebol e sabe mais ainda da cabeça dos boleiros, nem mesmo Luan, com seu futebol magistralmente irresponsável. Nem as fortalezas Marcelo Grohe e Geromel, nem Jael, a caricatura de um Grêmio forte e aguerrido. Ninguém.
A batalha de "La Fortaleza" foi a coroação de um trabalho que iniciou nos corredores escuros da Arena, passou pelas conversas de padaria em Osório e redundou na conquista do mais cobiçado troféu das Américas. Os acertos da gestão de Bolzan foram cumulativos, e vão do controle financeiro à montagem do grupo que nesta noite mágica frustrou o canto preso na garganta dos 40 mil argentinos amordaçados pela conquista sonora do Tricolor Gaúcho em Lanús. Renato Portaluppi é, inclusive, o acerto mais notável de Romildo: aclamado hoje como um nome de consenso entre os treinadores emergentes brasileiros, Renato chegou ao Grêmio como uma solução simplista e sob os olhos desconfiados de todos. Àquele momento de incertezas pela saída de Roger Machado, nem o mais otimista dos gremistas poderia prever, como parece ter previsto o presidente do Grêmio, o trabalho benfazejo que Portaluppi imprimiria ao futuro do clube.
E foi assim, sob a liderança de um gestor competente e com a tutela de um treinador pronto para comandar jogadores honrados e talentosos, que o Grêmio voltou ao mais alto patamar do futebol sul-americano. Foi assim que Lanús ficou pequena para os quatro mil bem-aventurados e vitoriosos gremistas, e que o continente rendeu-se novamente ao Imortal dos Pampas. Romildo Bolzan é um libertador, como foi Simon Bolívar, como foi José de San Martin. Ele nos devolveu a América.