— Nos trataram muito mal lá em Porto Alegre, sabia?! — abordou um torcedor do Lanús ao identificar o repórter brasileiro, na entrada do Estádio La Fortaleza, antes do treino dos argentinos.
Uma dezena de pessoas fez o mesmo comentário, em tom de cobrança, ao longo de uma hora. Eram torcedores, funcionários do clube e também jornalistas. O teor das palavras não chegava a ser agressivo, mas estava longe de ser cordial. O fato é que todos os argentinos que estiveram em Porto Alegre reclamam que foram muito maltratados pela polícia brasileira e por parte da torcida gremista.
As principais reclamações dizem respeito a ônibus quebrados, pedras arremessadas e, principalmente, queixas contra o tratamento dado pela polícia gaúcha, que, segundo eles, os colocava contra a parede em vários momentos, fazendo revistas de forma ríspida e atrasando a chegada ao estádio.
De acordo com o jornal Olé, oito ônibus chegaram à Arena do Grêmio apenas perto do intervalo do jogo.
– O nosso ônibus tinha famílias, mulheres e crianças. Nos colocavam na parede e nos tratavam como se fôssemos bandidos – protesta um torcedor.
A frase "nos trataram muito mal" foi a mais ouvida por este repórter sempre que era identificado por alguém do Lanús na manhã desta sexta (24), no La Fortaleza.
É importante deixar claro que nenhum desses torcedores, funcionários ou jornalistas falou em revide ou vingança no jogo da volta. Pelo contrário, garantem que darão uma boa recepção aos brasileiros que vierem. Apenas querem protestar contra o que acharam ter sido um tratamento indigno.
Por outro lado, é inegável que o clima ficou mais tenso. A final não terá nada a ver com a da Copa do Brasil 2016, quando gremistas e atleticanos confraternizavam de forma pacífica antes, durante e depois dos jogos decisivos.
A entrevista do presidente do clube, Nicolás Russo, dizendo que o técnico Renato Portaluppi gosta de circo e acusando um gandula do Grêmio de tentativa de agressão, criou um novo termômetro para o ambiente da final, com uma temperatura muito mais elevada.
No dia 29, a torcida do Grêmio será escoltada até o estádio pela polícia argentina. É essencial que o torcedor que viajar a Lanús saiba que está indo para uma final de Libertadores na casa do adversário. Mais fundamental ainda é seguir à risca às orientações do clube, da polícia e das autoridades argentinas.
Não vá ao estádio fora da escolta policial. Parta do ponto de encontro oficial da torcida do Grêmio, em Puerto Madero. Evite ir de Buenos Aires para Lanús de carro particular ou táxi. Se una a outros gremistas em grandes grupos e, se possível, vá a bordo de vans ou ônibus.
Tanto o estádio como a polícia local aparentam ter estrutura para garantir a segurança dos 5 mil gremistas que irão ao La Fortaleza. Porém, para isso, é importante seguir as orientações.
Afinal, o clima ficou mais tenso.