A nova convocação pela Seleção Brasileira, agora a chamado de Tite, premia o desempenho de Marcelo Grohe.
Sua sequência de boas atuações foi decisiva para a retomada do equilíbrio defensivo do Grêmio, um dos fatores que levam o time a enfrentar o Atlético-MG, neste domingo, com chances concretas de aproximar-se da liderança do Brasileirão.
São 10 anos e 285 atuações como goleiro do Grêmio. A estreia de Grohe foi em 15 de janeiro de 2006, na vitória por 3 a 2 contra o Santa Cruz, pelo Gauchão, partida em que entrou no intervalo, no lugar de Galatto, lesionado.
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A sequência como titular, porém, só chegou em 2014, depois de oito anos em que Victor, Dida e o argentino Saja foram os preferidos dos treinadores. No título do Gauchão de 2006, vencido em Gre-Nal dentro do Beira-Rio, Grohe era o goleiro, também chamado em caráter de emergência por uma nova lesão de Galatto.
As faixas dos estaduais de 2007 e 2010 também estão no armário, mas ele não atuou nas decisões. Por isso, para o pai do pequeno Pietro, de um ano e dois meses, voltar a sentir o gosto de uma conquista é quase uma obsessão.
Depois de tantos anos de casa, você se considera a cara do Grêmio?
O que vou te dizer? Danrlei também ficou muito tempo. Eu sou um pouco diferente de personalidade. Mas me identifico demais com o Grêmio. Fui criado aqui, fiz toda a minha carreira aqui. Para mim, é uma honra jogar aqui. Sonhei com isso toda a minha vida.
Danrlei já falou que quer ser presidente do Grêmio. Você quer também?
Nunca fui muito de política, nem de clube, nem de governo. Não sei se vou seguir no futebol ainda ou vou pegar minhas coisinhas e morar bem sossegado em Campo Bom.
Como assim não sabe se vai seguir no futebol...
Não sei se vou seguir depois de encerrada a carreira. É muito complicado, o futebol é muito difícil. Mas é uma decisão para depois. Não tenho convicção se quero seguir. Minha mulher sempre fala que vou sentir falta. Por ora, nem penso em parar, quanto mais no que vou fazer depois.
O caminho natural seria virar treinador?
Algo assim, treinador de goleiro, um auxiliar. Treinador não sei se vou querer.
Depois de tantos anos no clube, o que ainda o motiva?
Para mim, todo dia é especial, por poder vir trabalhar aqui. Como eu disse, é o que sempre sonhei. Venho aqui desde os 13 anos, como torcedor. Sinceramente não imaginaria que poderia chegar onde cheguei. Para mim, todo dia é diferente. Apesar de estar há tanto tempo aqui, não me vejo acomodado. Longe disso. Sou um cara que procura trabalhar sempre. A perfeição nunca vai chegar, mas trato de melhorar a cada dia. Tenho muita coisa para conquistar ainda. Estou em busca de títulos. Conquistei em 2006, depois fiquei muito tempo no banco. É um objetivo pessoal meu ser campeão.
Por ter mais tempo de casa, você se sente mais cobrado do que os outros?
Pode ser, mas eu encaro com tranquilidade também. É uma coisa natural. Não sei se tem essa cobrança maior em cima de mim. Mas, se houver, não vejo como pressão.
Você se cobra mais do que os outros?
Não. Eu tenho meus objetivos pessoais e, dentro deles, está conquistar títulos. Mas é um objetivo coletivo. É um sonho que tenho e farei de tudo para concretizar.
Você sempre mantém essa serenidade? Nunca se irrita?
A gente fica brabo, né? (risos). Mas é um pouco da personalidade. Talvez isso tenha seus pontos positivos, talvez negativos. O positivo é manter a serenidade, a concentração em todas as adversidades.
Suas últimas atuações têm sido muito boas. Está tentando mostrar algo em especial?
Eu acho que todo jogador passa por momentos instáveis. Não sei se a minha fase era tão ruim assim. Quando você atinge um nível de atuações e faz um pouquinho menos sempre fica aquela lembrança. Mas, como disse, eu tenho trabalhado muito. Faço minhas autoavaliações nos jogos e do meu momento e acho que talvez não estivesse tão mal quanto pareceu. Graças a Deus, está voltando aquele nível de atuação que eu havia conseguido.
Por ser de casa, você acha que, por vezes, pegam mais no seu pé do que no dos outros?
Acho que isso é natural. As pessoas têm várias imagens de mim. Tem a imagem do Marcelo reserva, do Marcelo hoje titular, do que chegou à Seleção Brasileira. Infelizmente, não conseguimos agradar a todo mundo. Nem Jesus agradou, quem dera eu. Há torcedores que gostam do meu trabalho, há os que não gostam. Procuro encarar com tranquilidade. Trabalho para dar o melhor para o Grêmio e ao torcedor. Mas, sei que não será possível agradar a todo mundo.
Acha que implicam muito com sua saída de gol?
Olha, eu, sinceramente, não me vejo como um goleiro que saia mal do gol. Não me vejo. Se a gente observar, é uma situação muito difícil para qualquer goleiro, pelo nível de batida dos jogadores. Hoje, todos os times treinam bola parada. Existem bons cabeceadores, bons batedores de escanteio, de falta. Às vezes, acontecem erros, mas isso é uma coisa natural. Pode ser que não esteja entre as minhas maiores virtudes, mas, com certeza, não me vejo com um goleiro que não saiba, em hipótese nenhuma, sair do gol. Esta é a minha opinião.
Pela primeira vez o vejo sério. Essa crítica da saída de gol o incomoda?
Não. Olha, quem está na chuva é para se molhar, não é? Eu sei que hoje, como goleiro do Grêmio, vou ser cobrado. Isso é uma coisa natural. Se eu não souber encarar isso, infelizmente eu não vou poder jogar num time como o Grêmio. Tenho amigos que me dão conselhos, familiares com quem converso nos momentos difíceis e me jogam para cima. Respeito a opinião de todos. Mas procuro pegar o positivo e trabalhar no dia a dia para melhorar.
Tite é o segundo técnico a convocá-lo para a Seleção Brasileira?
Sim. O primeiro foi Mano. Alguma coisa de bom a gente tem, não é? (risos). Num balanço geral, desde que estou jogando com sequência, desde 2014, há mais coisas positivas do que negativas. Boas atuações, prêmios individuais. Infelizmente, ainda não veio o título que estamos perseguindo.
Sonha em atuar na Europa?
Não é algo que tire o meu sono. Se acontecer, será naturalmente. Mas eu tenho o desejo de jogar a minha toda aqui no Grêmio. Claro que não é uma coisa que dependa só de mim. Depende do clube, da minha performance. Para jogar no Grêmio, tem que estar bem, sempre, tem que provar a cada dia, a cada jogo, a cada treino. Se puder terminar a carreira aqui, será uma realização.
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