Destaque do Campeonato Gaúcho, o Ypiranga colhe os frutos do trabalho de montagem da equipe. Na chuvosa manhã de quarta-feira (30), o executivo do futebol, Fárnei Coelho, ao lado de parte da comissão técnica, recebeu GZH numa das salas do Colosso da Lagoa para explicar o curioso banco de dados do clube, que analisou mais de 1,2 mil nomes para montar o time finalista estadual.
Entre um cappuccino e outro, o profissional, que utiliza o seu notebook particular, mostra uma tabela, que começou a ser elaborada no início da pandemia de covid-19, em meados de 2020. Ela é preenchida manualmente. O documento contempla todas as divisões principais dos Estaduais do país, além das divisões secundárias de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
— Toda hora tu precisas estar atualizando, vendo jogos e trocando informações com os outros. Tu não podes contratar um jogador que estava muito bem no ano passado — revelou Fárnei.
No levantamento constam número de jogos, peso, altura, posição, faixa salarial, tempo de contrato e posições dos principais destaques do país.
Desta forma, o Ypiranga conseguiu compor uma folha salarial mensal de R$ 187 mil com os jogadores. Os custos totais com o futebol canarinho, agregando comissão técnica de Luizinho Vieira, se aproximam de R$ 250 mil.
O pagamento dos salários nunca atrasa, garantem os envolvidos na administração da equipe da região norte do Estado. Além disto, os atleta têm moradia de “bom nível”, segundo Ricardo Zanatta, supervisor de futebol.
— Eles (jogadores) se comunicam. Tem muita coisa que a gente está colhendo que é fruto do trabalho do Renan (Mobarack, antigo executivo do Ypiranga). O ambiente é muito bom. Os caras moram bem, sabem que recebem certinho. Mais da metade dos times do Brasil está atrasando salários — disse Fárnei.
O elenco foi formado a partir do conceito de time idealizado pela comissão técnica. Um time ofensivo que atue preferencialmente no sistema 4-2-3-1, com pequenas variações. Desta forma, liberações foram promovidas por falta de semelhança de características semelhantes.
O Ypiranga buscou 16 reforços desde dezembro, sendo que 10 jogadores remanesceram e outros cinco da base foram promovidos. Logo, o plantel que participou das atividades ficou com 31 profissionais. Durante as 14 partidas do Gauchão, 24 atletas já foram utilizados.
Como funciona?
O passo a passo do método de contratações é realizado da seguinte forma: primeiro identificar adequação à filosofia de futebol e, depois, olhar a questão financeira compatível à folha salarial do Canarinho.
O terceiro passo é a definição de prioridades. O colegiado formado pelo executivo, técnico, auxiliares e dirigentes políticos busca informações médicas e sobre o extracampo dos possíveis reforços. O processo ocorre em um grupo de WhatsApp. Sendo assim, o tempo é otimizado para evitar perda de tempo no aguardo de reuniões.
Após a escolha, Fárnei entra em campo para ajustar detalhes de negociações. O executivo relata:
— Cada negociação é diferente. Depende das partes envolvidas — relatou Fárnei.
O próximo objetivo do responsável por comandar a pasta do futebol do Ypiranga é tentar criar um programa próprio com os dados levantados no sistema. Assim, ele entende que o método será aprimorado para cada vez se errar menos nas contratações.
Fárnei tentou ser lateral-direito na base do São Paulo de Rio Grande e no Pelotas. Sem sucesso, trocou os campos pelas salas de aula. É formado em licenciatura em Filosofia pela UFPEL e Educação Física na FURG. Posteriormente, começou a trabalhar em clubes da zona sul do Estado. Passou também pelo São Borja antes de conseguir o título mato-grossense pelo Nova Mutum, batendo o Cuiabá.
Para a Série C, o Ypiranga projeta subir a folha salarial entre R$ 10 e R$ 15 mil. Renovações com os principais destaques já foram realizadas. Por enquanto, apenas Erick e Porfírio sairão, respectivamente, para Vasco e Coritiba. Por outro lado, Michel Renner, que marcou três gols pelo Novo Hamburgo no Gauchão, já treina com os companheiros no Colosso da Lagoa.