Tão logo foi oficializado o adiamento do Gre-Nal 435, válido pela nona rodada do Gauchão, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Luciano Hocsman, foi ao auditório do Beira-Rio para conceder uma entrevista coletiva e explicar a decisão em conjunto com os clubes.
A cerimônia havia sido organizada para que aparecesse ao lado dos mandatários de Inter, Alessandro Barcellos, e Grêmio, Romildo Bolzan Júnior. Porém, o dirigente tricolor não compareceu. A explicação tem origem na reunião promovida entre os três dirigentes, minutos antes da coletiva de imprensa, motivada pelo fato de o ônibus que transportava a delegação gremista ter sido apedrejado na chegada ao estádio.
— A intermediação do presidente da federação foi muito profícua. O presidente do Internacional tem uma narrativa dos fatos. Nós, de certa forma, não concordamos com todas suas narrativas, mas é um direito que ele tem de expressar. O Grêmio é vítima e uma vítima pesada. Para ser bem franco, o Grêmio sofreu um atentado aqui. E, por ser vítima, o Grêmio vai tomar suas providências. Mas não podemos trocar de papeis — declarou Bolzan, sem explicitar quais foram estas divergências.
Mais cedo, ao mesmo tempo em que se solidarizou com a ideia de adiamento do jogo, Alessandro Barcellos declarou que temia por um "desequilíbrio técnico".
— Este é o cuidado que a Federação está tendo para que não gere outros tipos de desequilíbrios técnicos da competição. Desta forma, estamos falando dos outros 10 clubes que participam da competição e da tabela. Foi neste aspecto que me manifestei e acho que vamos achar uma solução para acabar o campeonato, mesmo com poucas datas, para que este episódio fique como lição. A narrativa é uma só. Uma ou duas pessoas, que já foram identificadas, jogaram uma pedra e isso é condenável. O resto passa a ser avaliações e interpretações que cabem, a quem fala, explicar. Somos tão vítimas como qualquer um, porque este comportamento é inadmissível — explicou o mandatário colorado.
Questionado sobre o incidente, Hocsman relatou que, de fato, a reunião teve momentos de tensão entre os presidentes:
— O papel das federações é mediar este tipo de relação entre os clubes para que eles possam ter as decisões de uma maneira distante dos interesses individuais de cada um. A conversa foi justamente na construção com os clubes, tentando chegar na situação de que, lá na frente, o calendário começa a apertar. Semana que vem tem jogos da Copa do Brasil. Então, foi uma conversa em alguns momentos dura, em outros mais leve. Mas voltada para uma força em conjunto, para encontrar uma saída de montagem do calendário para encaixar esta data do Gre-Nal — disse o presidente da entidade gaúcha.
Apesar da ausência de Romildo na entrevista coletiva, Inter e FGF manifestaram otimismo quanto à marcação de uma nova data para o clássico.
— A nova data será decidida nas próximas horas, amanhã (domingo) ou segunda-feira, para que a gente possa ter, com cautela e a responsabilidade necessária, a sequência da competição, dentro daquilo que a norma regulamentar prevê — complementou Hocsman.