Jogar futebol é a realidade de Juba. Aos 35 anos, o atacante finalmente havia conseguido enxergar um avanço no Novo Hamburgo, o enésimo time de sua carreira, após um primeiro turno ruim no Gauchão. De norte a sul, ele conhece várias realidades do Rio Grande do Sul e tornou-se um "paranaúcho". Paranaense de nascimento e criação, tem tanto vínculo com o RS que imaginava passar boa parte do 2020 por aqui, primeiro disputando a elite, pelo Novo Hamburgo, depois a Divisão de Acesso pelo Veranópolis. Ainda não havia assinado, mas as conversas estavam animadas.
– Queria voltar para o Veranópolis. No ano passado, fomos rebaixados, aquilo me doeu. Acho que poderia ajudar – explica o atacante que, pela primeira vez em três anos, precisaria buscar recolocação ao final de um competição.
Seu 2020 havia começado em 20 de dezembro de 2019, quando se apresentou no Estádio do Vale após encerrar seu vínculo com o Brasil-Pel. No mundo de quem roda pelo país, era um bom cenário. Mesmo com os atrasos de salários no Xavante, Juba emendava uma sequência de trabalhos em times com competições nacionais, sem precisar bater de porta em porta.
Até por isso, acumulou um dinheirinho para poder não precisar ir para o pesado no período sem jogos. Montou uma academia na casa em que mora com a mulher em Ponta Grosa-PR. Quando a prefeitura flexibilizou, passou também a correr em um parque da cidade.
– Está bem complicado, mas não temos como saber de nada. O pior é a incerteza do que vai ser daqui para a frente, a questão do emprego – explica o jogador, que acertou com o Novo Hamburgo o parcelamento do último salário em quatro vezes (até a sexta-feira, apenas uma cota havia sido depositada).
Além do dinheiro que economizou, a outra fonte de renda da família é uma loja que ele e a mulher abriram. Vai ajudar a suprir a perda de, pelo menos, 30% do planejado:
– Parece que voltei para quando era mais novo, que só conseguia trabalhar os primeiros meses e depois sobrevivia no resto do ano.