Há um ano e nove meses na cadeira principal do tradicional Sport Club Gaúcho, Augusto Ghion Júnior vive uma situação de certa forma confortável na comparação com outros colegas. O clube de Passo Fundo (uma das cidades mais afetadas pela covid-19) está sem jogos, mas como a Terceirona não havia começado, o prejuízo é o de não ver o time de seu coração continuar no processo de crescimento que vinha apontando, com direito À final de Copa FGF e vaga na Série D. A paixão pelo Gaúcho ele herdou do pai, Augusto Ghion, que presidiu o clube no último título estadual, a Segundona de 1984. Em busca da repetição dos melhores momentos, o dirigente teme pelo futuro da Terceirona. Conversa com frequência com o presidente da FGF, Luciano Hocsman, a quem elogia.
– Sou do time que primeiro temos de cuidar a saúde das pessoas, defendo o afastamento social. O mais importante é a vida, evitar mortes por falta de atendimento.
Sem futebol, o clube tem, atualmente, um custo de R$ 38 mil mensais. Suas arquibancadas recebem, em média, 500 pessoas, aumentando nas fases decisivas. É um público que colabora (mas nem sempre cobre) os R$ 5 mil necessários para abrir o estádio, cujo nome pomposo BSBios Arena Wolmar Salton (uma mistura da modernidade dos naming rigths com a história da antiga casa). Voltar a ter jogos sem torcida está longe do ideal, mas não seria um impeditivo ao clube.
Em outras equipes, o cenário é mais desolador. Diferentemente do Gauchão, em que há cotas de TV para as partidas, as divisões inferiores dependem de público. Pessoas que pagam ingresso, compram nos bares, adquirem camisetas e até doam em garrafões dispostos nas arquibancadas.
Segundo o presidente do São Paulo-RG, Deivid Pereira, quase 90% da receita clube provém de bilheteria. O conterrâneo Riograndense-RG, que montou um projeto para retomar o futebol, reduziu seu custo cancelando treinos. Até então, o presidente Paulo André Neves oferecia ajuda de custo e transporte de van, alimentação e matrícula em um curso técnico.
Dirigentes de clubes de segunda divisão estadual se uniram e escreveram uma carta à CBF. Afirmando serem responsáveis por 15 mil postos de trabalho, solicitaram auxílio de R$ 100 mil, isenção de taxas e ingresso nos programas de incentivo ao esporte. Estão no aguardo por boas notícias.