A decisão da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) de suspender o Campeonato Gaúcho por 15 desagradou alguns clubes do interior gaúcho. Apesar de a dupla Gre-Nal apoiar a medida, entidades como Aimoré, Esportivo e Caxias manifestaram-se a favor da continuidade dos jogos com portões fechados, em reunião realizada na manhã desta segunda (16). Um dos argumentos é que os efeitos da pandemia tendem a piorar cada vez mais no Rio Grande do Sul. Há também a preocupação com o prejuízo financeiro dos times menores.
— Em 15 dias, a situação tende a piorar. Hoje, temos sete casos no Estado (pouco depois da entrevista, foi confirmado o oitavo caso, em Caxias do Sul). Daqui a 15 dias, não terá lógica nenhuma continuar o campeonato. E acho difícil que haja calendário para retomar os jogos. Talvez, a melhor solução seria jogar quinta (19), domingo (22) e quarta (25) e terminarmos a fase classificatória enquanto temos poucos casos — manifestou o presidente do Aimoré, Ronaldo Vieira.
De forma geral, os clubes que não disputam as Séries A, B, C e D manifestam preocupação, pois essas equipes firmaram contrato com a maioria dos seus jogadores apenas até o final do Gauchão. Se o campeonato ficar suspenso por tempo indeterminado, as direções alegam não ter verba para seguir pagando o salário dos atletas, pois o orçamento foi feito pensando apenas no Estadual.
— Vai ser um prejuízo muito grande para todos clubes do Interior que não têm calendário depois do Gauchão. Mas temos que respeitar a decisão. Vai ser difícil. A gente tem orçamento apenas até a data prevista para o fim do campeonato. Teremos que rever tudo isso sem saber o que vai acontecer — lamenta o presidente do Novo Hamburgo, Raul Hartmann.
Uma das hipóteses sugeridas na reunião é que a dupla Gre-Nal abra mão de parte da sua cota de televisão, de cerca de R$ 12 milhões, para ajudar os times do Interior a manterem as suas equipes. A falta de dinheiro para manter as atividades, sem contar com a receita de bilheteria, será o grande desafio para esses clubes.
— É uma situação muito complicada para nós, que não trabalhamos com orçamento de um ano inteiro. Temos que ver como vamos resolver a questão financeira. Eu assinei contratos. Mas, ao mesmo tempo, temos que entender que é um vírus que não se sabe ainda o quanto vai se propagar no Estado — disse o presidente do Esportivo, Laudir Piccoli.
Campeão do primeiro turno, o Caxias também defendeu a continuidade dos jogos com portões fechados, especialmente pelo prejuízo financeiro. No entanto, frisou que a saúde pública deve ser a prioridade.
— Nós (dirigentes) colocamos o nosso CPF e a nossa história como pessoa física em risco para manter a instituição aberta. Temos contratos que foram firmados só até o final do Gauchão. Se o campeonato for prorrogado, fica inviável renová-los, porque não temos uma condição financeira boa. Claro que a busca sempre é pela saúde da população. Temos que ter esse cuidado e essa responsabilidade — explicou o presidente do Caxias, Paulo César Santos.