No final da década passada, o meia Souza fez o torcedor do Grêmio comemorar seus gols por Gauchão, Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores. Ao todo, foram três temporadas no Estádio Olímpico (2008, 2009 e 2010). Agora, em 2019, o alagoano de 40 anos vai defender outro Grêmio: o Grêmio Esportivo Bagé. Na cidade da fronteira com o Uruguai, o jogador que também teve passagens por São Paulo e PSG, carregará a braçadeira de capitão pela Divisão de Acesso (equivalente à Série B do Gauchão) com a missão de devolver o clube, que já foi campeão estadual em 1925, à elite estadual. E a estreia está marcada para este domingo (17), no Estádio da Pedra Moura, em Bagé, às 17h30min, contra o São Gabriel.
Como você foi parar em Bagé?
Se a história parar na mão de um cineasta, dá para fazer um filme. Fui convidado por um amigo, que jogava futevôlei comigo. Ele entrou como investidor no clube. Marcamos um almoço, conversei com minha esposa e a gente fechou. Estou aqui com o objetivo de colocar o Bagé na elite do futebol gaúcho no ano de seu centenário.
Você já está com 40 anos. Em Grêmio e Inter, Léo Moura e D'Alessandro, também mais experientes, são preservados e não jogam todas as partidas. Como vai ser para você?
Tudo isso foi pensado. Sabia que seria uma competição difícil. Não vou te dizer que vou jogar todos os jogos. Joguei todos os amistosos, mas não os 90 minutos. Mas me sinto bem. O jogo que eu achar que estou com dor, que vou me machucar, vou comunicar ao treinador. O mais importante é a gente subir o time. Foi montado um grupo muito forte, então, tenho certeza que quem entrar vai suprir bem a falta do outro.
O treinador do Bagé é o Michel Neves, ex-atacante do Inter. Como é a relação de vocês? Chegaram a se enfrentar em campo?
Em Gre-Nal, acho que não. Quando eu cheguei no Grêmio, ele já não estava mais. Que eu lembre, só nos enfrentamos nas finais da Libertadores de 2006, quando eu estava no São Paulo. Mas a relação está sendo bem bacana. Nós temos trocado ideias. O Michel gosta de ouvir os jogadores. A gente, dentro do possível, tenta ajudar os outros jogadores com a nossa experiência.
O Bagé é seu primeiro clube no interior do Estado?
Joguei no Passo Fundo em 2015. Foi uma experiência boa. A gente só sabe o quanto fez por um clube quando vem jogar no Interior e conhece pessoas que não tiveram a oportunidade de ver a gente jogando de perto. O carinho é muito grande. Eu tive uma passagem marcante pelo Grêmio. Para mim, individualmente, o melhor ano da minha vida foi 2009. Fui artilheiro do clube, semifinalista da Libertadores. Tenho três times no meu coração, que são Grêmio, São Paulo e CSA, que foi onde comecei. Vou ser eternamente grato pelo que vivi nestes clubes. O CSA, inclusive, está de volta à Série A. Quase tive a oportunidade de participar disso, mas o Brasiliense não me liberou. Se tivesse me liberado, teria participado deste feito e fecharia com chave de ouro. Mas, se tivesse subido, estaria jogando a Primeira Divisão. Acredito muito que tudo acontece do jeito que Deus quer. Então, se estou aqui, é uma missão Dele, com a responsabilidade de colocar um time de muita tradição na Primeira Divisão.
Você já faz planos para encerrar a carreira?
Do jeito que o futebol está, vou até os 50 anos (risos). Estou brincando, mas se tudo der certo e a gente conseguir subir, eu jogo mais o ano que vem. Prova disso é o Guiñazu, correndo igual a um moleque de 17 anos. Sei que o futuro a Deus pertence, mas se tudo certo, encerro minha carreira com o Bagé na Primeira Divisão. Depois vou pensar em assumir outro cargo dentro do futebol, que é o que eu sei fazer.