Em 2017, coube a Clemer a tarefa de substituir Rogério Zimmermann no comando do Brasil-Pel. Os desafios imediatos eram dois: livrar o Xavante do rebaixamento e mudar a cultura de jogo construída ao longo de cinco anos com o antecessor. Teve êxito. Hoje, rebaixamento não faz mais parte do vocabulário do treinador. E o time pode assumir até mesmo a liderança isolada do Gauchão se vencer o Novo Hamburgo nesta sexta-feira.
O Brasil vem fazendo uma campanha muito boa no Gauchão. Você atribui isso a quê?
Fizemos com que os jogadores entendessem o processo, a maneira de jogar. O ambiente está muito bom. Você vê que o Brasil é um time alegre jogando. Tanto os que estão fora quanto os titulares estão com o mesmo pensamento. Prova disso é que, contra o Caxias, estávamos sem cinco titulares, e o time jogou muito bem. Como é um campeonato difícil, vamos seguir sem se empolgar demais.
Para 2018, você reformulou o grupo, que teve a média de idade reduzida drasticamente. Você indicou os novos atletas do elenco?
Indiquei 90%. Até porque, além de conhecer os jogadores, a gente também se informa com outros treinadores. Gosto de ouvir o que o ex-treinador tem a falar do atleta.
Ainda há margem financeira para o Brasil contratar novos jogadores para a Série B?
Sim. Para o Brasileiro da Série B, precisamos um pouco mais. É um campeonato muito longo, difícil pra caramba, requer mais qualidade.
Recentemente, você perdeu dois jogadores importantes: o centroavante Luiz Eduardo e o volante Itaqui. O quanto isso o atrapalha?
O Luiz Eduardo já deve estar em campo contra o Avenida. O Itaqui, só no Brasileiro. Mas entramos com o Sousa, que está muito bem.
Está observando o Gauchão para, de repente, contratar alguém?
Observamos muito o Campeonato Estadual. Há nomes que já estão no radar.
O Brasil renovou o contrato com o Sousa após esse bom jogo dele. O clube não tinha esse costume. Isso é pensamento até em uma futura negociação?
Uma ideia que dei foi: primeiro, investimento na base. Porque sempre dali se tira alguma coisa. Temos o Luiz Henrique e o Chrigor, por exemplo. O Chrigor está para vir para o Inter, e o Luiz Henrique talvez vá depois do Gauchão, mas já tem proposta de um time grande para levá-lo. Depois, falei que precisamos contratos maiores. Não dá para contratar por seis meses ou um ano. Aí, sempre que acabam as competições, temos de contratar e fazer tudo de novo. Não. Tem de formar uma base.
Falamos do Sousa. Ele foi anunciado como Van Basty, virou Sousa. Foi sua a decisão? Por quê?
Fui eu. Eu chamei ele no primeiro dia e falei: "Vamos ter que mudar teu nome". Chama muita atenção esse nome. Aí haveria muita comparação, apesar do nome não ser exatamente igual (ao do holandês). Aí perguntei o sobrenome, ele falou Sousa e eu disse "é isso". Fácil, não vai chamar muita atenção, e ele aceitou numa boa.
Você completou recentemente sete meses de Brasil, seu trabalho mais longo como técnico profissional. A ideia é fazer, assim como seu antecessor, um trabalho de longo prazo?
Claro que não sabemos o dia de amanhã, mas estou muito feliz no Brasil. Desde que cheguei, me acolheram da melhor forma possível e pode ter certeza de que a recíproca foi verdadeira. É um clube que estou aprendendo a gostar, estou lá há sete meses, mas parece mais tempo. O pensamento é fazer o melhor porque o Brasil tem um nome, uma camisa e uma torcida muito fortes. No Brasil, o time pode não estar jogando nada. Mas tem que correr, tem que brigar muito.
O que dá para projetar no Brasil-Pel para a Série B de forma realista?
Pensamento é sempre ganhar, se não ganhar, estarei lá pertinho. Pensamento é levar a uma Série A.