O choro e a frustração marcaram a zona mista da Seleção Brasileira após a eliminação na Copa do Mundo Feminina, nesta quarta (2). Além da tristeza natural por conta da queda precoce em plena fase de grupos, diversas atletas revelaram um certo temor pelo impacto que a derrota na Austrália terá no futuro do futebol feminino brasileiro.
— Infelizmente a gente sabe que, no futebol feminino, para ter investimento, as coisas têm que acontecer. Mas uma eliminação assim tão precoce faz com que se tenha essa dúvida. Mas se a gente quer brigar (por títulos), a gente tem que continuar investindo. É um trabalho que demora muitos anos, e eles têm que dar continuidade a isso, porque o Brasil tem muitos talentos. Tem muita menina que vem aí com muito talento e a gente não pode deixar de cuidar disso — disse a lateral Antônia, uma das mais emocionadas após o empate com a Jamaica, que eliminou a Seleção do Mundial.
Outra que não escondeu a emoção durante as entrevistas foi a meia Ary Borges, que compartilhou o receio de Antônia.
— Agora que estão melhorando as coisas a gente só torce para que cada vez mais os clubes continuem tendo a modalidade, o que já é alguma coisa. Não sei dizer como, apenas torço pra que as coisas sigam engatinhando para frente — disse.
Já a zagueira e capitã Rafaelle declarou que acha injusto cobrar que o investimento feito no futebol feminino nos últimos anos já desse resultado neste Mundial.
— Não é porque aumentou o investimento que você vai ter o resultado agora, né? Acho que para o futebol evoluir precisamos de um tempo. As coisas estão melhorando agora no Brasil, mas pra isso dar resultado, precisamos talvez de mais um ou dois ciclos. A gente teve mais investimento esse ano, ficamos felizes com isso, mas infelizmente isso não é imediato. Esse investimento acontece, mas o resultado é com o tempo — opinou.
Sobre o desempenho dentro de campo, Ary Borges disse que a preparação precisa ser ainda melhor no futuro.
— É muito frustrante sair dessa forma. Não era o que a gente imaginava. Não era o que a gente esperava e o que as pessoas esperavam da gente. Temos que saber que o que fizemos não foi suficiente. Talvez a gente precise se preparar melhor — afirmou a meia.
Já Antônia lembrou que em 2024 já terão Olimpíadas e que o time precisa aprender com os erros cometidos na Austrália.
— Dói, é doloroso, mas não tem o que fazer. A gente tem que trabalhar. Eu achei que eu trabalhei muito. Pois vou ter que trabalhar o dobro pra poder levar o nome do Brasil mais forte e dar orgulho à minha família. É um sentimento de frustração saber que você não foi capaz de dar o seu 100%, porque eu acho que faltou muito ainda. Mas a gente tem que continuar. Ano que vem tem as Olimpíadas e a gente tem que continuar o trabalho e nos preparar muito mais — finalizou.