O Estádio Hindmarsh, em Adelaide, viveu uma noite de Arena ou de Beira-Rio. Com uma quantidade impressionante de gaúchos e de camisetas do Grêmio e do Inter nas arquibancadas, a Seleção Brasileira encantou na goleada de 4 a 0 sobre o Panamá, na estreia na Copa do Mundo Feminina. Para os brasileiros, o grande nome da partida foi o da meia Ary Borges, autora de três dos quatro gols. Porém, para os australianos, quem roubou a cena foi Marta, mesmo com uma atuação discreta.
Logo após o apito inicial, já foi possível ver que o estádio, que recebeu pouco mais de 13 mil pessoas, estava dividido entre brasileiros entusiasmados e australianos silenciosos. Quando a torcida do Brasil fazia uma pausa, entre um grito de apoio e um cântico, o silêncio imperava. Em alguns momentos, era possível até ouvir, das arquibancadas, algumas conversas das atletas entre si, de dentro de campo.
— Vamo tricolor — gritou um gremista, aproveitando um desses momentos de silêncio para exaltar o time do coração.
Logo depois, porém, o Gre-Nal foi "empatado" por um colorado, que estendeu uma bandeira do Inter na arquibancada sul, bem atrás da meta onde Ary Borges marcou dois dos seus três gols.
Aliás, bastou Ary Borges mostrar as suas armas para que gremistas e colorados esquecessem a rivalidade e passassem a, juntos, apoiar a Seleção. Atrás do gol onde a própria Ary Borges e Bia Zaneratto selaram a goleada, o Movimento Verde-Amarelo, uma espécie de torcida organizada do Brasil, entoou paródias de músicas de artistas como Beth Carvalho e Alceu Valença.
A mais criativa, porém, nada tinha a ver com a música popular brasileira.
"A, e, i, o, u, a capivara é melhor que o canguru", cantavam os torcedores.
Apesar do fator local estar a favor das brasileiras, o silêncio dos australianos presentes no estádio muitas vezes tirava o clima de Copa do Mundo. Afinal, o povo local não está acostumado com o estilo brasileiro de torcer e amar o futebol.
— Tentávamos cantar e berrar para apoiar a Seleção, mas os australianos ficavam nos olhando de cara feia. Quando eu começava a cantar, a galera ficava me olhando — conta a gaúcha Camila Rahde, 33, natural de Gravataí, e que mora em Adelaide há mais de dois anos.
No segundo tempo, com o resultado já "encaminhado", o estádio ficou ainda mais dividido. Atrás dos gols, os brasileiros vibravam com a atuação de gala de Ary Borges. Já nas arquibancadas centrais, os australianos apreciavam a partida em silêncio, pasmos com a agitação dos brasileiros.
Contudo, o momento de maior entusiasmo do jogo inteiro não foi relacionado a nenhum dos gols e ocorreu aos 27 minutos do segundo tempo, quando a técnica Pia Sundhage chamou Marta para entrar em campo.
Quando a camisa 10 ingressou no gramado, os australianos não se contiveram e foram à loucura com a presença da eterna melhor do mundo. Afinal, provavelmente, ela era a razão de eles terem ido ao estádio. A partir dali, os momentos de silêncio cessaram, e os australianos se uniram aos brasileiros para comemorar a vitória por 4 a 0.
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