A despedida da Seleção feminina às vésperas da Copa do Mundo não poderia ter um roteiro melhor. Com o incentivo e o carinho do torcida, as comandadas da técnica Pia Sundhage golearam o Chile, por 4 a 0, no último teste antes da estreia no Mundial. A delegação que ruma à Austrália nesta segunda-feira (3) carrega na bagagem uma motivação a mais.
Antes mesmo de a bola rolar no Estádio Mané Garrincha, a Copa já vinha sendo uma realidade para a Seleção. Para as jogadoras, tornou-se desde o último dia 27, quando a lista de 23 atletas e mais três suplentes foram anunciadas na sede da CBF. Entre algumas surpresas e ausências, um nome se repetiu: o de Marta. Mas, pela última vez.
Em meio aos agradecimentos pela presença dos mais de 15 mil torcedores, que pediram sua entrada no segundo tempo, a camisa 10 do Brasil foi taxativa ao responder a questão sobre seu último Mundial:
— É a minha última Copa do Mundo, sim — contou na zona mista.
Apesar disso, a despedida, de fato, com o Brasil será um papo para uma próxima oportunidade.
— Eu só tenho a agradecer por todos esses anos aqui na Seleção e estar tendo a oportunidade de ir para a minha última Copa do Mundo. Para mim, é algo surreal. Tenho certeza que essa energia que sentimos aqui vai fazer a diferença na Austrália. De um modo geral, caso este título venha, vai coroar o momento em que estamos vivendo. E que a gente possa seguir assim, com evolução em todos os sentidos — disse a craque.
A participação em sua última Copa ainda é um cenário em aberto. Apesar de tudo que representa dentro e fora dos gramados, Marta já não tem o mesmo status de titularidade das edições que disputou. A própria atacante admitiu que vive um novo momento em 2023:
— Não conversei com a Pia sobre a titularidade. Nunca fiz isso na minha carreira com nenhum treinador. Sempre foi de maneira natural. Eu não sou a Marta de 20 anos atrás. A minha maior felicidade é ver, independentemente de eu estar em campo, que temos atletas de excelente nível e que vão representar o Brasil com muito carinho.
Sendo titular ou não, o grupo de atletas sabe da representatividade de sua camisa 10. A jogadora, que influenciou gerações de meninas em busca do sonho de jogar futebol, é a inspiração para a conquista da estrela que a Seleção tanto persegue.
A zagueira Rafaelle, que assumiu a capitania durante a ausência de Marta, falou sobre o pacto das jogadoras em busca do título pelo ícone do futebol feminino.
— Ela é o maior símbolo do futebol feminino. Ela merece muito este título. Se Deus quiser, vamos conseguir o título, e ela vai lembrar disso para sempre.
Técnica satisfeita
Além do resultado, a técnica Pia Sundhage fez elogios ao desempenho do grupo diante do Chile. No último amistoso antes do Mundial, a partida serviu para que a sueca pudesse dar oportunidades para atletas com menos minutagem, especialmente no setor ofensivo.
—Usamos a cabeça em todos os sentidos, com uma atuação inteligente. Acho que foi uma boa partida para todos nós — avaliou Pia.
A partida contra o Chile será um dos exemplos que a comissão técnica utilizará para definir os últimos detalhes antes da estreia na Copa do Mundo. Todo o detalhamento será passado ao grupo a partir desta semana, quando a delegação estará reunida em Gold Coast, na Austrália, para a preparação.
A trajetória na Copa do Mundo inicia no dia 24, diante do Panamá, às 8h (horário de Brasília), em Adelaide. A sequência de jogos pelo Grupo F será contra França e Jamaica.